Crime e Justiça

Dissidentes das FARC são suspeitos de tentativa de assassinato de candidato à presidência da Colômbia

Ataque a candidato à presidência, atirador adolescente e grupo rebelde ameaçam desestabilizar a frágil paz da Colômbia e reavivar fantasmas de seu passado violento.

Senador colombiano Miguel Uribe (C) reage após o Senado votar contra o referendo de reforma trabalhista promovido pelo presidente Gustavo Petro em Bogotá, em 14 de maio. Uribe, 39 anos, senador de oposição da direita colombiana e candidato às eleições presidenciais do próximo ano, foi baleado e ferido em Bogotá em junho. O governo denunciou o “ataque”. [Raul Arboleda/AFP]
Senador colombiano Miguel Uribe (C) reage após o Senado votar contra o referendo de reforma trabalhista promovido pelo presidente Gustavo Petro em Bogotá, em 14 de maio. Uribe, 39 anos, senador de oposição da direita colombiana e candidato às eleições presidenciais do próximo ano, foi baleado e ferido em Bogotá em junho. O governo denunciou o “ataque”. [Raul Arboleda/AFP]

Por AFP e Entorno |

BOGOTÁ -- As autoridades colombianas identificaram o grupo guerrilheiro dissidente Segunda Marquetalia como o provável mandante da tentativa de assassinato do candidato presidencial Miguel Uribe em junho.

O senador de 39 anos, uma figura em ascensão na direita política, permanece em tratamento intensivo quase dois meses após o ataque e ainda depende de um respirador.

O grupo, liderado pelo conhecido ex-comandante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) Iván Márquez, foi formado após o acordo de paz de 2016, quando alguns ex-combatentes voltaram às armas. De acordo com a inteligência militar, a Segunda Marquetalia agora comanda mais de 2.000 guerrilheiros.

“Tudo indica que a Segunda Marquetelia muito provavelmente faz parte desta rede em termos dos mandantes (do ataque)”, disse o diretor de polícia Carlos Fernando Triana em uma coletiva de imprensa em 6 de agosto. “Mas isso está sendo investigado."

Uribe foi alvejado durante um evento de campanha em um bairro da classe trabalhadora de Bogotá em 7 de junho.

As autoridades prenderam seis suspeitos, incluindo o suposto atirador, um garoto de 15 anos, e Elder José Arteaga Hernández, conhecido como “El Costeño”, que teria coordenado a logística do ataque.

A polícia considera Arteaga uma figura-chave na identificação dos mandantes do crime.

Nas últimas semanas, a família de Uribe comemorou pequenas melhoras em sua condição. Sua irmã, María Carolina Hoyos, disse que sua recuperação era um “milagre”, observando que ele havia entrado em um processo de neurorreabilitação.

O ataque despertou lembranças dolorosas em um país marcado por décadas de violência política. Durante os anos 1980 e 1990, assassinatos seletivos de candidatos presidenciais e figuras da oposição desestabilizaram a frágil democracia da Colômbia.

O governo do presidente Gustavo Petro iniciou conversações de paz com a Segunda Marquetalia na Venezuela na metade de 2024. No entanto, as negociações foram paralisadas em meio à desconfiança mútua e à falta de avanços.

Segundo Fontes da inteligência, Iván Márquez e seu número dois no comando, conhecido como Zarco Aldinever, podem estar mortos, embora essa suspeita não tenha sido confirmada.

O grupo pode estar usando ataques de grande visibilidade para aumentar sua influência política, explica Laura Bonilla, analista da Peace and Reconciliation Foundation (PARES).

Em entrevista à Rádio Blu, ela sugeriu que a Segunda Marquetalia poderia ter como objetivo desestabilizar o governo, projetar poder ou fortalecer o controle territorial por meio do medo e do caos.

Como Uribe é considerado um dos principais candidatos conservadores para a corrida presidencial de 2026, as implicações do ataque vão muito além de uma única candidatura: atingem o coração do processo democrático na Colômbia.

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