Segurança
China reforça arsenal nuclear enquanto Rússia enfrenta falhas de mísseis, afirma relatório
Total de ogivas nucleares no mundo era de 12.241 em janeiro, das quais 9.614 se encontravam em reservas militares para potencial utilização.
![Agentes de segurança chineses marcham em frente a um míssil balístico de médio alcance Dongfeng-17 e seu lançador móvel em exibição no Centro de Exposições de Pequim, em outubro de 2022. O arsenal nuclear da China aumentou de 500 no ano passado para 600 em 2025 e espera-se que continue a crescer. [Noel Celis/AFP]](/gc4/images/2025/06/26/50955-chine_missile-600_384.webp)
Por AFP e Entorno |
O arsenal nuclear da China aumentou de 500 ogivas no ano passado para 600 em 2025 e a expectativa é que continue a aumentar significativamente, de acordo com o Instituto Internacional de Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI).
Pequim tem atualmente mais ogivas do que o Reino Unido e a França juntos e está expandindo seu arsenal mais rapidamente do que qualquer outro país. O aumento de ogivas marca uma escalada importante em termos de capacidade nuclear, revela o SIPRI em relatório publicado em junho.
“A China está aumentando sua força nuclear de forma constante”, alertou Dan Smith, diretor do instituto. “O país pode chegar a 1.000 ogivas em sete ou oito anos.”
Embora esse número continue atrás dos arsenais dos Estados Unidos e da Rússia, tornaria a China “um ator muito maior”, acrescentou.
O número global de ogivas nucleares era de 12.241 em janeiro, das quais 9.614 se encontravam em reservas militares para potencial utilização. Segundo o SIPRI, a tendência do desarmamento pós-Guerra Fria está mudando à medida que os Estados investem em novas armas e sistemas de lançamento.
“O que vemos agora, em primeiro lugar, é que o número de ogivas nucleares operacionais está começando a aumentar”, disse Smith à AFP.
Falhas nos testes de mísseis da Rússia
A Rússia e os Estados Unidos, que ainda representam cerca de 90% do arsenal global, têm ambos programas extensivos em andamento para modernizar e substituir as suas ogivas nucleares, aponta o relatório.
Ainda assim, o programa de modernização nuclear da Rússia está “enfrentando desafios que, em 2024, incluíram uma falha em teste e atraso do novo míssil balístico intercontinental Sarmat (ICBM) e atualizações de outros sistemas mais lentas do que o esperado”, conclui a avaliação.
Os testes malsucedidos do RS-28 Sarmat - apelidado de “Satan II” pelos meios de comunicação ocidentais - indicam que Moscou está enfrentando uma crise com suas armas estratégicas, de acordo com Timothy Wright, analista de mísseis do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
O fracasso do míssil nos testes, os atrasos nos prazos e a perda de acesso à tecnologia crítica e à experiência que a Ucrânia forneceu nos tempos soviéticos e no início da era pós-soviética causam uma crise na construção de mísseis em Moscou, explicou Wright.
“Historicamente, muitas das fábricas e pessoal de produção de ICBM estavam sediados na Ucrânia”, disse ele ao Business Insider em uma reportagem publicada em janeiro.
Além disso, a Rússia tem “recursos monetários realmente limitados” para resolver suas deficiências nesse quesito, afirma Fabian Hoffmann, especialista em mísseis do Projeto Nuclear de Oslo.
As sanções impostas pela comunidade global, os enormes gastos com a guerra na Ucrânia, excluindo outras prioridades, e o isolamento das tecnologias ocidentais estão intensificando a deterioração da indústria de defesa russa, destaca Alexander Kovalenko, analista do site InfoResist.
'Perto dos cenários do apocalipse'
“Devido às sanções, a Rússia não pode desenvolver plenamente sua construção de mísseis”, afirma Kovalenko.
Ao mesmo tempo, o programa armamentista da Coreia do Norte continua sendo “central para sua estratégia de segurança nacional”, com cerca de 50 ogivas e material físsil suficiente para potencialmente aumentar esse número para 90, de acordo com o relatório.
O mundo pode estar entrando em um novo tipo de corrida armamentista - uma corrida que não se mede apenas em totais de ogivas, mas em tecnologias emergentes, alerta Smith.
“É uma corrida armamentista que vai ser altamente tecnológica”, diz ele, acrescentando que isso ocorrerá “na área espacial e no ciberespaço”.
Espera-se que a inteligência artificial molde cada vez mais o futuro da guerra nuclear.
"O passo seguinte seria avançar para a automatização total. Esse é um passo que nunca deve ser dado", adverte Smith. “Se as nossas perspectivas de estarmos livres do perigo de uma guerra nuclear fossem deixadas nas mãos de uma inteligência artificial, penso que então estaríamos perto dos cenários do apocalipse.”
Com o aumento da instabilidade geopolítica, Smith conclui: “Estamos vendo os sinais de alerta de uma nova corrida armamentista nuclear chegando”.