Segurança
Cuba e Rússia traçam planos de cooperação técnico-militar
Em meio ao crescente isolamento da Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022, o relacionamento entre o país euroasiático e o regime cubano vem se intensificando.

AFP |
HAVANA, Cuba - Os aliados Cuba e Rússia, ambos alvos de sanções ocidentais, pretendem buscar uma cooperação "técnico-militar" mais estreita, disse o porta-voz do governo da ilha comunista na quarta-feira (28 de junho).
O plano foi discutido durante uma visita, na terça-feira, do ministro das Forças Armadas cubanas, Álvaro López Miera, a Moscou, onde se encontrou com seu colega Sergei Shoigu, informou o jornal Granma.
Segundo o Granma, Shoigu disse a López Miera que "a Rússia planeja desenvolver conjuntamente com Cuba uma série de projetos no campo técnico-militar".
Não foram divulgados detalhes.
Shoigu teria enfatizado que "Cuba foi e continua sendo o aliado mais importante da Rússia na região".
A agência de notícias russa Sputnik disse que Shoigu se referiu a "projetos existentes e promissores no campo militar".
Moscou tem procurado retratar um retorno aos negócios habituais desde que Shoigu foi alvo, no fim de semana, de uma revolta fracassada do mercenário russo Wagner Group.
Um vídeo da agência de notícias estatal russa TASS mostrou Shoigu dando as boas-vindas a Lopez Miera no que provavelmente foi seu primeiro encontro com uma autoridade estrangeira desde a rebelião.
Como a Rússia está cada vez mais isolada desde a invasão da Ucrânia em 2022, as relações com Cuba se intensificaram com um aumento nos projetos bilaterais e visitas entre altos representantes oficiais.
Moscou e Havana estiveram no centro de um pânico nuclear global em 1962, quando a União Soviética posicionou mísseis na ilha, provocando ameaças de um ataque dos Estados Unidos nas proximidades.
As armas foram retiradas, e uma crise foi evitada.
Depois que a Rússia invadiu o país vizinho, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou que "pela primeira vez, desde a crise dos mísseis cubanos", há "uma ameaça direta do uso de armas nucleares".
Cuba é dependente do petróleo russo
Cuba, sob embargo dos Estados Unidos desde 1962, enfrenta sua pior crise econômica em três décadas e recentemente recebeu um carregamento de petróleo russo para ajudar a aliviar a esmagadora escassez de combustível na ilha.
O presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, garantiu à Rússia o "apoio incondicional de Cuba" em seu "conflito com o Ocidente" na questão da Ucrânia.
A viagem de López Miera, que não foi anunciada com antecedência, aconteceu poucos dias depois de o primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero, concluir uma visita oficial de 11 dias à Rússia, durante a qual discutiu a cooperação em energia, turismo e transporte.
Marrero se encontrou com o presidente Vladimir Putin, entre outras autoridades.
Segundo o site presidencial russo, Putin disse a Marrero fará "tudo” para que a interação econômica entre ambos “ajude a superar essas dificuldades impostas de fora", referindo-se a "sanções ilegais" contra Havana.
Cuba também gera apreensão com suas interações com a China.
O Wall Street Journal informou que Havana estava negociando com a China para estabelecer um centro de treinamento militar conjunto na ilha, e a Casa Branca afirma que a China opera uma unidade de inteligência em Cuba há anos.