Segurança

Moscou envia mais navios a Cuba

Destacamentos recentes a Havana indicam que Rússia poderia estar planejando restabelecer uma base militar em Cuba, de acordo com analista militar russo.

Smolny, navio russo da frota do Báltico, chega a Havana em 27 de julho. A embarcação de patrulha Neustrashimiy e o petroleiro Yelnya também se deslocaram para a capital cubana. [Yamil Lage/AFP]
Smolny, navio russo da frota do Báltico, chega a Havana em 27 de julho. A embarcação de patrulha Neustrashimiy e o petroleiro Yelnya também se deslocaram para a capital cubana. [Yamil Lage/AFP]

Por Iván Sarmiento e AFP |

HAVANA -- Um navio da Marinha russa chegou a Cuba em 27 de julho para uma estada de três dias, seis semanas após Moscou enviar um submarino e outras embarcações navais para visita ao Estado comunista em frente à costa da Flórida.

O navio de treinamento Smolny foi recebido com salvas da artilharia cubana antes de ancorar no porto de Havana, onde cubanos e turistas se reuniram para vê-lo.

Assim como o patrulheiro Neustrashimiy e o petroleiro Yelnya, a embarcação “faz parte da Frota do Báltico que realiza uma visita amigável à capital cubana”, informou a embaixada da Rússia em Cuba.

"Mais um exemplo das estreitas relações entre nossos povos”, disse a embaixada no X, antigo Twitter.

Grupo da organização cubana de jovens Pioneiros observa o submarino de propulsão nuclear Kazan, parte do destacamento naval russo que visita Cuba, atracado em Havana, em 14 de junho. [Yamil Lage/AFP]
Grupo da organização cubana de jovens Pioneiros observa o submarino de propulsão nuclear Kazan, parte do destacamento naval russo que visita Cuba, atracado em Havana, em 14 de junho. [Yamil Lage/AFP]

Na metade de junho, o submarino nuclear russo Kazan – que, segundo Cuba, não transportava armas nucleares – atracou em Havana para uma visita de cinco dias.

O destacamento incomum tão perto do território dos Estados Unidos ocorre em meio a grandes tensões relacionadas à guerra na Ucrânia, onde o governo apoiado pelo Ocidente luta contra a invasão russa.

Um dia após a chegada do submersível russo, os Estados Unidos enviaram um submarino de ataque rápido à sua base na Baía de Guantánamo, em Cuba.

Durante a Guerra Fria, Cuba foi um importante Estado-cliente para a antiga União Soviética. A instalação de mísseis nucleares soviéticos na ilha desencadeou a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962, quando Washington e Moscou estiveram perto da guerra de fato.

Base russa

A recente chegada do navio de guerra russo a Cuba – a segunda em apenas um mês e meio – poderia ser parte dos planos do Kremlin para o destacamento permanente das suas forças navais na ilha, sugeriu um analista militar russo.

"A base das Forças Armadas russas, tanto terrestres quanto navais, já está sendo recriada em Cuba", disse Alexander Sharkovsky, de acordo com reportagem do portal de notícias independente Diário de Cuba publicada em 25 de julho.

"Se forem usados ​​navios de carga seca, mísseis nucleares poderiam potencialmente chegar lá novamente, como foi o caso em 1962", afirmou ele.

"Esta é uma reserva estratégica muito importante para a segurança da Federação Russa", disse Sharkovsky, que frequentemente faz seus comentários na televisão estatal russa.

Moscou aceleraria o envio de grande número de navios de guerra para Cuba caso a Casa Branca prossiga com a implantação de sistemas de mísseis em países europeus, acrescentou o analista.

Washington anunciou planos de instalar mísseis de longo alcance na Alemanha até 2026, o que levou o Kremlin a ameaçar com uma “resposta militar”.

As declarações de Sharkovsky alinham-se às ameaças feitas pelo presidente russo, Vladimir Putin, no mês passado. Na ocasião, Putin sugeriu que a Rússia poderia armar adversários ocidentais em retaliação ao fornecimento de armas de longo alcance pelo governo dos EUA à Ucrânia.

“Se alguém pensa que é possível fornecer essas armas a uma zona de guerra para atacar o nosso território e criar problemas para nós, por que não temos o direito de fornecer armas do mesmo tipo a regiões do mundo onde haverá ataques a instalações sensíveis desses países [ocidentais]", declarou Putin aos repórteres em 5 de junho, em um fórum econômico internacional em São Petersburgo.

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