Economia

Exportações em queda geram preocupações sobre Tratado de Livre Comércio Equador-China

Itens importantes, como camarão e banana, enfrentam dificuldades devido a restrições fitossanitárias, demanda chinesa fraca e preços persistentemente baixos.

Durante uma sessão plenária da Assembleia Nacional do Equador, ativistas da sociedade civil seguram cartazes expressando oposição à aprovação de um pacto de livre comércio com a China. [Ecuador Today]
Durante uma sessão plenária da Assembleia Nacional do Equador, ativistas da sociedade civil seguram cartazes expressando oposição à aprovação de um pacto de livre comércio com a China. [Ecuador Today]

Por Catalino Hoyos |

QUITO – As exportações do Equador para a China sofreram uma queda significativa em 2024, apesar da entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio (TLC) entre as duas nações em 1º de maio daquele ano.

Ao contrário das projeções otimistas, o pacto comercial coincidiu com um forte declínio das exportações.

Reportagem publicada pelo site Primicias em meados de fevereiro, citando dados do Banco Central do Equador, mostra que as exportações de produtos não petrolíferos do Equador para a China caíram para US$ 5,09 bilhões em 2024, marcando um recuo de cerca de 10% em relação aos US$ 5,67 bilhões registrados em 2023.

Em maio de 2024, mês em que o FTA entrou em vigor, as exportações para a China despencaram 23% em comparação com o mesmo período de 2023, ressaltando ainda mais o impacto decepcionante do tratado.

Camarão é vendido no mercado Playita Mia em Manta, Equador. [Rodrigo Buendía/AFP]
Camarão é vendido no mercado Playita Mia em Manta, Equador. [Rodrigo Buendía/AFP]

Expectativas não atendidas

Apesar das expectativas de aumento do comércio, a China reduziu suas compras do Equador, e o Panamá passou a ser o principal destino das exportações equatorianas.

As vendas para o Panamá atingiram US$ 6,29 bilhões, um aumento de 40,5% em relação a 2023, e o país ultrapassou a China e a União Europeia como principal comprador de produtos equatorianos.

As exportações de produtos-chave como camarão a banana vêm enfrentando dificuldades devido às restrições fitossanitárias e à fraca demanda chinesa, enquanto outros mercados mantiveram ou aumentaram suas compras.

Para agravar o problema, a Administração-Geral de Alfândegas da China suspendeu as importações procedentes de nove fazendas de camarão equatorianas entre fevereiro e o início de junho de 2024, citando suposta detecção de níveis de metabissulfito que excederam os limites permitidos, informou o Primicias.

Isso levou a uma redução de 27% nos volumes de exportação de camarão para a China no primeiro trimestre do ano. Embora essas empresas tenham recuperado o acesso ao mercado chinês em 6 de junho, as suspensões já haviam causado perdas econômicas substanciais, de acordo com matéria publicada pelo site America Economía em junho de 2024.

O TLC entre China e Equador recebeu críticas de vários setores, especialmente de defensores do meio ambiente e de alguns parlamentares, para os quais o tratado representa riscos grandes ambientais.

Na América Latina, a China tem TLCs com Chile, Costa Rica, Equador, Nicarágua e Peru.

O comércio entre a China e os países latino-americanos com tratados de livre comércio (TLCs) é amplamente impulsionado pela troca de matérias-primas por produtos manufaturados, refletindo um padrão de extração de recursos e importações industriais.

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