Saúde

Terapia com botos na Amazônia ajuda pessoas com deficiência no Brasil

Pacientes incluem jovens autistas, indivíduos com paralisia cerebral ou síndrome de Down e aqueles que perderam membros.

O fisioterapeuta Igor Simões Andrade e jovens com deficiência nadam com botos cor-de-rosa no Rio Negro, em Iranduba, no Amazonas, Brasil. [Michael Dantas/AFP]
O fisioterapeuta Igor Simões Andrade e jovens com deficiência nadam com botos cor-de-rosa no Rio Negro, em Iranduba, no Amazonas, Brasil. [Michael Dantas/AFP]

Por AFP |

IRANDUBA, Brasil – Enquanto flutua no Rio Negro, na Amazônia brasileira, Luiz Felipe, que tem síndrome de Down, sorri ao abraçar um boto cor-de-rosa durante uma sessão especial de terapia.

Luiz Felipe, 27 anos, é um dos pacientes com deficiência que viajaram da cidade vizinha de Manaus para participar de sessões de terapia alternativa, que ajudaram cerca de 400 pessoas nas últimas duas décadas.

Os pacientes incluem jovens autistas, pessoas com paralisia cerebral ou síndrome de Down e outros que perderam membros.

O fisioterapeuta Igor Simões Andrade, 49 anos, diz que, embora sua terapia especial com animais seja “a primeira do mundo”, ela não substitui os tratamentos convencionais.

O fisioterapeuta Igor Simões Andrade interage com um boto-vermelho no Rio Negro, em Iranduba, no Amazonas, Brasil. Andrade criou o programa "Bototerapia" em 2016, oferecendo sessões de natação terapêutica com golfinhos selvagens para pessoas com deficiência física e mental. [Michael Dantas/AFP]
O fisioterapeuta Igor Simões Andrade interage com um boto-vermelho no Rio Negro, em Iranduba, no Amazonas, Brasil. Andrade criou o programa "Bototerapia" em 2016, oferecendo sessões de natação terapêutica com golfinhos selvagens para pessoas com deficiência física e mental. [Michael Dantas/AFP]

Ainda assim, "traz ânimo para eles [os jovens], felicidade, contato com a natureza e uma força que não encontram em ambientes hospitalares".

As sessões são oferecidas gratuitamente com o apoio de patrocinadores.

'Bototerapia'

Hannah Fernandes, neuropsicóloga que trabalha com crianças, disse que a terapia exclusiva também traz um “ganho social”, pois os indivíduos com deficiência têm contato com pessoas e situações fora do seu cotidiano.

Antes de entrar na água, Luiz Felipe e duas jovens participantes da sessão fazem exercícios respiratórios e ioga. O objetivo é relaxá-los para o contato com os botos.

Fernandes contou que, na primeira vez que Luis Felipe participou de uma das sessões, ele demonstrou “muito medo” de entrar na água. Hoje, está cheio de autoconfiança.

Conhecidos como botos cor-de-rosa, os golfinhos rosados se aproximam do grupo por curiosidade, nadando entre suas pernas e flutuando entre eles, ávidos pela atenção humana.

As sessões de “bototerapia” são realizadas com autorização do Ibama, órgão público de controle ambiental.

Simões disse que a terapia ajuda seus pacientes em aspectos como "equilíbrio, fortalecimento da coluna vertebral e psicomotricidade".

"[Aqui] não tratamos patologias, tratamos seres humanos", disse.

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