Economia

Atrasos em obra do metrô de Bogotá poderão adiar início das operações

Se atrasos recorrentes em estudos e projetos persistirem, consórcio chinês poderá levar mais quatro anos para apresentar todos os documentos necessários para o metrô de Bogotá.

Trabalhadores atuam em operações de transferência de redes e adaptação do solo durante construção da primeira linha do metrô de Bogotá. [Metrô de Bogotá]
Trabalhadores atuam em operações de transferência de redes e adaptação do solo durante construção da primeira linha do metrô de Bogotá. [Metrô de Bogotá]

Por Giselle Alzate |

BOGOTÁ -- A primeira linha do metrô de Bogotá vem sendo afetada por atrasos persistentes em estudos e projetos, o que poderá protelar o início de suas operações.

A vice-presidente da Câmara Municipal de Bogotá, Ana Teresa Bernal, alertou que o consórcio chinês Metro Linea 1 enfrenta atrasos que podem estender em mais quatro anos o prazo de conclusão da obra, prevista para 2028.

"O início da operação do @MetroBogota seria adiado por mais quatro anos, segundo relatório de acompanhamento de auditoria do PLMB [Primeira Linha do Metrô de Bogotá]", disse ela.

"Os atrasos nos estudos e projetos detalhados e na execução de diversas atividades são alarmantes e respaldam as nossas constantes denúncias", postou Bernal no X em 6 de abril.

A vereadora de Bogotá referia-se ao relatório de fevereiro da empresa interventora, segundo o qual, mantida a tendência atual na entrega de estudos e projetos, o consórcio chinês necessitaria de mais 47 meses para concluir 100% dos projetos do sistema de metrô.

O fraco avanço dos últimos meses levantou dúvidas em relação à capacidade das empresas chinesas de concluírem os trabalhos no prazo.

A construção foi iniciada há 41 meses.

"As falsas e irresponsáveis ​​esperanças e campanhas do metrô para Bogotá (...) não vão dar resultado no prazo inicialmente planejado", destacou Bernal.

Os índices de desempenho nos trabalhos planejados foram negativos nos últimos sete meses, acrescentou ela.

Atrasos e ineficiências

Em fevereiro, uma inspeção aérea no local de construção da primeira linha do metrô de Bogotá revelou atrasos e ineficiências do projeto.

Os ministros do Transporte e da Fazenda da Colômbia, William Camargo e Ricardo Bonilla, respectivamente, tiveram uma noção desses desafios em 11 de fevereiro, quando sobrevoaram de helicóptero a área da obra, o o maior projeto de infraestrutura atualmente em andamento no país.

O projeto está sob a gestão do Metro Linea 1, consórcio formado pelas estatais chinesas China Harbor Engineering Co. Ltd. (CHEC) e Xi'an Rail Transportation Group.

O Metro Linea 1 obteve o contrato e assinou o acordo de concessão com a Bogotá Metro Co. em 27 de novembro de 2019.

Depois, várias irregularidades, especialmente em 2023, vieram à tona, e o consórcio chinês sofreu multas superiores a 800 milhões de pesos colombianos (cerca de R$ 1 bilhão) por descumprimento de prazos na apresentação de estudos e projetos.

Fracasso na África

A CHEC já falhou em um projeto na África.

Em janeiro de 2023, Uganda anunciou o fim de seu contrato com a CHEC para a construção de uma estrada de ferro ligando a capital Kampala à fronteira com o Quênia.

Pelo acordo, a China deveria financiar o projeto, mas, ao longo de sete anos, esse apoio nunca se concretizou, conforme reportagem da Reuters.

Bolívia, Costa Rica, Honduras e Jamaica também relataram dificuldades em trabalhar com a CHEC em obras de infraestrutura, citando atrasos e materiais de baixa qualidade.

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