Crime e Justiça

Rubio amplia apoio ao Equador em dura campanha anticrime

Equador reforça laços com Estados Unidos, enquanto lida com acordos para obras de infraestrutura em troca de empréstimos com a China, que deixaram o país sul-americano em uma estratégica armadilha de dívida.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio (E), aperta a mão do presidente do Equador, Daniel Noboa, no Palácio Carondelet, em Quito, em 4 de setembro de 2025, após discussões sobre como aumentar a cooperação em segurança no país atingido pela violência. [Jacquelyn Martin/AFP]
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio (E), aperta a mão do presidente do Equador, Daniel Noboa, no Palácio Carondelet, em Quito, em 4 de setembro de 2025, após discussões sobre como aumentar a cooperação em segurança no país atingido pela violência. [Jacquelyn Martin/AFP]

Por AFP |

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, prometeu, em 4 de setembro, ajuda na área de segurança ao Equador devastado pela violência, enquanto tenta reunir a região em torno de uma campanha anticrime baseada na força, após um ataque norte-americano a um barco supostamente ligado à Venezuela.

O presidente do Equador, Daniel Noboa, enviou tropas para combater a violência que transformou um dos países mais seguros da América Latina em um dos mais perigosos atualmente.

Rubio, reunido com Noboa no centenário palácio na cidade antiga de Quito, prometeu que os Estados Unidos fornecerão quase US$ 20 milhões em ajuda de segurança, incluindo US$ 6 milhões em drones.

Ele garantiu também que os EUA designarão duas gangues, Los Lobos e Los Choneros, como organizações terroristas estrangeiras – colocando-as diretamente na mira do país.

Rubio disse aos repórteres que está ajudando o Equador a “travar uma guerra contra esses animais cruéis, esses terroristas”.

Ao falar da pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre os grupos criminosos, Rubio afirmou: “este governo os está confrontando como nunca foram confrontados antes”.

O uso massivo da força por parte de Noboa conquistou-lhe o apoio popular, mas ainda não conseguiu reduzir a criminalidade, que consiste principalmente em batalhas de gangues.

Em uma coletiva de imprensa conjunta, a ministra das Relações Exteriores do Equador, Gabriela Sommerfeld, apontou que o país quer ver a região das Américas livre de "ameaças de grupos transnacionais do crime organizado e de grupos terroristas que querem subjugar os nossos cidadãos".

A visita ocorreu dois dias após as forças dos EUA informarem a explosão de um suposto barco traficante de drogas de um grupo criminoso ligado ao líder esquerdista da Venezuela, Nicolás Maduro, em uma operação que, segundo o governo norte-americano, matou 11 pessoas.

Em um sinal de escalada das tensões, o Pentágono informou que dois aviões militares venezuelanos voaram perto de um navio da Marinha dos EUA em águas internacionais no dia 4 de agosto.

Rubio denunciou Maduro, que foi indiciado nos Estados Unidos, como “fugitivo da justiça americana”.

Ele ressaltou ainda que os países que cooperam com os Estados Unidos não precisam se preocupar com os ataques norte-americanos. Eles podem "nos ajudar a encontrar essas pessoas e a derrotá-las".

Sommerfeld prometeu aumentar a colaboração em uma das principais prioridades dos EUA – conter a migração.

“O Equador vai apoiar os Estados Unidos. É simbólico e é importante para o nosso parceiro e vamos fazê-lo de forma coordenada”, afirmou ela.

Segundo um representante de alto escalão do Departamento de Estado norte-americano, o Equador concordou em aceitar pessoas de outros países deportadas pelos Estados Unidos e a implementação está “muito, muito próxima”.

Rubio anunciou que os Estados Unidos também pretendem, dentro de “algumas semanas”, firmar um acordo econômico com o Equador.

Convite às forças dos EUA

Durante anos, os Estados Unidos operaram uma base militar no porto de Manta, no Pacífico, e a Drug Enforcement Administration (agência antidrogas dos EUA) teve uma presença considerável no país.

A base foi fechada em 2009, depois que o então presidente esquerdista Rafael Correa se recusou a renovar o acordo.

Noboa planeja alterar a constituição do Equador para permitir o retorno das forças militares dos EUA ao país.

“Se nos convidarem a voltar, vamos considerar isso seriamente”, salientou Rubio.

O Equador está cada vez mais pressionado a recalibrar os seus laços com os Estados Unidos diante de sua dependência da China, a quem deve bilhões de dólares devido a acordos de concessão de projetos de infraestrutura em troca de empréstimos, muitas vezes descritos como armadilhas da dívida.

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