Crime e Justiça
Sete mortos em tiroteio em salão de bilhar no Equador
Gangues do Equador, alimentadas pela corrupção e pela economia baseada no dólar, lutam pelo controle das rotas do narcotráfico. Investigações preliminares vinculam os últimos assassinatos à sangrenta influência do crime organizado.
![Um oficial militar observa impactos de balas em uma caminhonete. [Marcos Pin/AFP]](/gc4/images/2025/08/18/51578-ecu1-600_384.webp)
Por AFP |
Homens armados mataram a tiros pelo menos sete pessoas em um salão de bilhar na cidade equatoriana de Santo Domingo, informou a polícia em 17 de agosto, sobre a chacina mais recente no país em meio à crescente violência de gangues.
"Sete pessoas morreram devido a ferimentos de bala" em um salão de bilhar no bairro boêmio de Santo Domingo, cerca de 150 km a oeste da capital, Quito, informou a polícia nacional em um grupo de WhatsApp com jornalistas.
A polícia disse que estava investigando o incidente e procurando os responsáveis.
Imagens do massacre supostamente registradas por câmeras de segurança que circularam online mostram agressores com máscaras pretas abrindo fogo contra dois homens parados na entrada do salão de bilhar, provocando correria de pedestres.
Os homens armados entraram no salão e continuaram atirando, mas fugiram antes da aproximação de uma viatura policial.
Segundo a mídia local, investigações preliminares indicaram que os assassinatos podem estar relacionados ao crime organizado na região.
Aumento de homicídios
Um massacre semelhante em um salão de bilhar ocorreu no mês passado na cidade turística de General Villamil Playas, no sudoeste do país, deixando pelo menos nove mortos. E, em abril, homens armados mataram 12 pessoas em uma rinha de galo a cerca de 30 km de Santo Domingo.
Antes considerado um bastião da paz na América Latina, o Equador mergulhou em uma crise após anos de expansão de cartéis transnacionais que usam seus portos para enviar drogas aos Estados Unidos e à Europa.
Organizações de tráfico de drogas têm se multiplicado no Equador, onde a taxa de homicídios aumentou de seis por 100.000 habitantes em 2018 para 38 por 100.000 em 2024.
Entre janeiro e maio, houve mais de 4.051 homicídios, segundo dados oficiais. Analistas dizem que este é o início de ano mais violento da história recente do país.
O governo do presidente Daniel Noboa prometeu reprimir o crime, mas, apesar das operações generalizadas e dos constantes estados de excessão, houve pouca redução na violência.
Somente no último fim de semana, 14 pessoas foram mortas em massacres na problemática Guayas, uma das quatro províncias onde Noboa declarou recentemente estado de excessão para combater a violência de gangues.
Gangues que disputam o controle das rotas do tráfico de drogas no Equador se aproveitam da localização estratégica do país, de sua economia baseada no dólar americano e da corrupção de algumas autoridades.
Segundo dados oficiais, 73% da produção mundial de cocaína passa pelos portos equatorianos.
Em 2024, o país apreendeu um recorde de 294 toneladas de drogas, principalmente cocaína, em comparação com 221 toneladas em 2023.