Por AFP e Entorno | 2025-07-16

ASSUNÇÃO, Paraguai – O Paraguai, único aliado diplomático de Taiwan na América do Sul, prometeu em 14 de julho defender seus laços com esta democracia autônoma e anunciou que seu presidente, Lai Ching-te, fará uma visita em agosto. A China reivindica o controle sobre a ilha.

O presidente Santiago Peña recebeu o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Lin Chia-Lung, em uma visita a Assunção com uma delegação de cerca de 30 líderes empresariais.

“O Paraguai está pronto para defender essa relação de 68 anos, que se baseia em princípios e valores democráticos, com toda a sua força e em voz alta”, garantiu Peña, acrescentando que Taiwan tem sido “tremendamente generoso” com investimentos em seu país.

“Não desconsideramos a China, mas reconhecemos a autodeterminação do povo de Taiwan”, com o qual o Paraguai espera avançar para “um nível mais alto de colaboração”, acrescentou ele.

Lai visitará o Paraguai em 30 dias, anunciou Peña em um fórum de investimentos.

Entre os presentes em 14 de julho estavam Terry Tsao, executivo sênior da SEMI, uma associação industrial de semicondutores de Taiwan, bem como representantes dos setores de tecnologia da informação, comunicações, transporte inteligente, agricultura, construção pública e construção civil de Taiwan.

Taiwan é uma potência global de chips, produzindo mais da metade dos semicondutores do mundo, vitais para alimentar os mais recentes modelos de inteligência artificial generativa.

Espionagem ligada à Huawei no Paraguai

O esforço da China para isolar Taiwan parece ter ido além da diplomacia, chegando à espionagem digital e à vigilância de rua no coração de Assunção.

As autoridades paraguaias iniciaram uma investigação em outubro passado, depois que dois homens foram vistos apontando um dispositivo eletrônico para a residência do embaixador taiwanês Han Chih-cheng em Assunção. Um funcionário da embaixada notou a atividade suspeita e alertou a polícia local, que abordou os suspeitos.

Os homens fugiram em um Audi cinza, que os investigadores posteriormente rastrearam até a Huawei Technologies Paraguay, uma subsidiária local da gigante chinesa de tecnologia com laços estreitos com o Partido Comunista da China, informou o Infobae em 18 de dezembro.

Imagens de vigilância mostraram um homem, descrito como tendo "traços orientais", apontando o dispositivo para o prédio. Testemunhas disseram que os homens pareciam estar coletando informações de inteligência. Em resposta, a embaixada de Taiwan aumentou as medidas de segurança.

Esse incidente reforça as crescentes preocupações com a ciberespionagem chinesa. Em 26 de novembro, o Ministério de Tecnologias de Informação e Comunicação do Paraguai e a embaixada dos EUA acusaram publicamente o grupo chinês “Flax Typhoon”, ligado ao Estado, de se infiltrar em sistemas governamentais para extrair dados confidenciais. A Microsoft havia alertado anteriormente que o mesmo grupo tinha como alvo Taiwan.

As tensões aumentaram ainda mais no início de dezembro, quando o Paraguai expulsou o enviado chinês Xu Wei. Ele havia aproveitado a visita para pressionar legisladores a cortarem os laços com Taiwan, dizendo-lhes sem rodeios: “É a China ou Taiwan”.