Terrorismo
Recém-designada, organização terrorista Clã do Golfo expande presença na Colômbia
Maior gangue criminosa da Colômbia provavelmente controla maior parte das drogas que partem pelas rotas do Pacífico e do Caribe e estabeleceu alianças com alguns cartéis mexicanos.
![Polícia antinarcóticos colombiana distribui panfletos de um helicóptero sobre Apartadó, em Antioquia, oferecendo recompensas por informações que levem à captura de membros do cartel Clã do Golfo. [Raúl Arboleda/AFP]](/gc4/images/2025/02/25/49301-cartel-600_384.webp)
Por Edelmiro Franco V. |
BOGOTÁ – O Clã do Golfo, designado como organização terrorista pelos Estados Unidos em 19 de fevereiro, continua sendo o maior e mais notório cartel da Colômbia, tendo registrado uma enorme expansão de território e de mão de obra nos últimos anos.
Conhecida no passado como Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC), Los Urabeños e Clã Usuga, a organização supera os dissidentes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), tanto em poder de fogo quanto em número de membros.
Em 19 de fevereiro, o governo dos EUA ampliou a sua lista de organizações terroristas na América Latina ao incluir também a gangue Tren de Aragua da Venezuela, a Mara Salvatrucha de El Salvador (MS-13) e cinco cartéis mexicanos.
O Clã do Golfo é a maior organização criminosa da Colômbia, superando outros grandes grupos de narcotráfico, disse ao Entorno Oscar Julián Palma, especialista em segurança e professor da Universidade El Rosario em Bogotá.
![Polícia antinarcóticos colombiana organiza pacotes de uma carga de cocaína de uma tonelada apreendida do cartel Clã do Golfo em Buenaventura, o principal porto da Colômbia no Pacífico. As drogas tinham como destino a Europa. [Raúl Arboleda/AFP]](/gc4/images/2025/02/25/49302-clan-600_384.webp)
O professor observou ainda que essa organização criminosa “pode estar dominando a maior parte das drogas que saem do Pacífico e do Caribe e estruturou alianças com alguns cartéis mexicanos”.
Com a nova designação de terrorista, o governo dos EUA poderá usar uma série de ferramentas financeiras, táticas e estratégicas para combater esses cartéis, disse Palma.
Domínio do Clã do Golfo
O Clã do Golfo surgiu como uma organização criminosa após a desmobilização das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) em 2006, durante o governo do presidente Álvaro Uribe (2002-2010).
As AUC foram originalmente criadas na década de 1990, com o suposto objetivo de combater as guerrilhas de esquerda.
Após a dissolução das AUC, vários ex-líderes criaram novas organizações criminosas, entre as quais o Clã do Golfo, que se expandiu significativamente na última década. É hoje o cartel de drogas dominante na Colômbia, com forte presença em grande parte do país.
Dados oficiais apontaram que o Clã do Golfo operava em 107 municípios com cerca de 1.900 membros em 2017. Mas a Fundação Ideas para a Paz (FIP) estimou o número real entre 3.000 e 3.500 militantes naquele ano.
Segundo a FIP, o grupo opera com duas estruturas distintas. A primeira é a sua principal facção armada, concentrada em Urabá (Antioquia e Chocó), no sul de Córdoba e nas áreas urbanas e semiurbanas de Bajo Cauca, no noroeste da Colômbia.
A segunda é uma rede de subcontratação que se estende a outras regiões e capitais de departamentos, o que dificulta os esforços para avaliar o alcance total do grupo.
Um relatório de segurança confidencial colombiano, publicado pelo portal La Silla Vacía em março de 2024, estimou que o Clã do Golfo tinha cerca de 5.000 membros em 2023, contra 4.000 em 2022 — um crescimento de 20% em apenas um ano.
Expansão territorial
Agora classificado como organização terrorista, o Clã do Golfo opera em 24 dos 32 departamentos da Colômbia.
Segundo estimativas da Defensoria do Povo publicadas pelo Infobae em agosto de 2024, sua presença territorial cresceu 84% entre 2019 e 2024, passando de 213 para 392 municípios.
Inicialmente concentrado na região bananeira de Urabá e Chocó, perto da fronteira com o Panamá, o grupo rapidamente se expandiu para outras áreas, explorando os vazios de poder deixados pelas FARC e outras organizações criminosas.
Sua influência é mais forte em Antioquia, Chocó, Bolívar, Córdoba, Meta, Nariño, Cauca, Valle del Cauca, Cesar e Cundinamarca.
Além do tráfico de drogas, o Clã do Golfo está envolvido em tráfico de migrantes através da selva de Darien, tráfico de pessoas (incluindo mulheres e crianças), extorsões, sequestros, lavagem de dinheiro, deslocamento forçado de comunidades camponesas e indígenas e desaparecimentos forçados.
A organização criminosa transnacional impõe o controle através de assassinatos seletivos, eliminando adversários e rivais. Também lucra com operações de mineração ilegais, causando graves danos ambientais.