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Mídia russa dissemina propaganda antissemita na América Latina
Moscou busca enfraquecer as instituições democráticas e promover agendas alinhadas ao Kremlin na América Latina, alimentando um ódio antigo.
![Em foto distribuída pela agência russa Sputnik, o presidente russo, Vladimir Putin, discursa na abertura da Conferência Parlamentar Internacional "Rússia - América Latina", em Moscou, em setembro de 2023. [Vladimir Astapkovich/Pool/AFP]](/gc4/images/2024/12/11/48459-putin-600_384.webp)
Por Diego López Beltrán |
BUENOS AIRES – O antissemitismo tem grande destaque nos esforços de propaganda e desinformação da Rússia na América do Sul, de acordo com um relatório recente.
A presença da comunicação social russa na região tem registado um ressurgimento significativo nas últimas décadas, impulsionado por uma estratégia que visa minar a confiança nas instituições democráticas e promover narrativas favoráveis ao Kremlin.
Por meio de veículos estatais como Russia Today (RT) e Sputnik, a Rússia divulga notícias e análises tendenciosas em espanhol e português, promovendo uma imagem negativa do Ocidente ao mesmo tempo em que se apresenta de forma positiva.
Um relatório da Digital News Association (DNA) intitulado "Como a Rússia transforma o antissemitismo em arma na América Latina", publicado em meados de novembro, revela que Moscou alavanca narrativas antissemitas através de sua mídia estatal e embaixadas em toda a região para promover seus objetivos estratégicos.
![Conteúdo visual compartilhado no Facebook por Actualidad RT, México RT, BBC News Mundo e CNN en Español. RT e Sputnik enfatizam estrategicamente histórias que criticam políticas dos EUA e alegam que os padrões ocidentais duplos minam a confiança nas instituições e narrativas ocidentais. [Center for the Study of Democracy]](/gc4/images/2024/12/11/48460-putin2-600_384.webp)
Pesquisadores da DNA identificaram pelo menos 137 matérias publicadas pela Sputnik em espanhol que promovem teorias da conspiração enraizadas em mitos antissemitas.
A Rússia explora estrategicamente as tensões culturais, econômicas e políticas dentro das democracias latino-americanas para semear "caos, dúvida e agitação", observa o estudo.
"Esses tipos de matérias despertam temores latino-americanos de exploração neocolonial e sugerem que judeus, Israel e democracias ocidentais, como Estados Unidos e França, conspiram entre si para explorar as Américas Central e do Sul", conclui o relatório.
O objetivo é criar "desconfiança contra os Estados Unidos e as democracias ocidentais".
"Algumas dessas narrativas também são amplificadas em espanhol por contas de redes sociais como @DaniMayakovski, que tem mais de 144.000 seguidores, e @LatinosPorPutin, ambas frequentemente citadas pela mídia apoiada pela Venezuela, a Telesur, e pela mídia estatal do regime cubano", de acordo com o relatório.
Essas contas estão “difamando Tel Aviv em comentários sobre a guerra Israel-Hamas".
"Os líderes, propagandistas e a mídia estatal da Rússia espalham teorias da conspiração contra os judeus para transferir culpas e distorcer acontecimentos mundiais, especialmente nas democracias ocidentais", afirmou o relatório.
O relatório destacou um estudo de janeiro do Departamento de Estado dos EUA, que observou: "Por mais de um século, autoridades czaristas, soviéticas e agora da Federação Russa usaram o antissemitismo para desacreditar, dividir e enfraquecer seus supostos adversários em casa e no exterior".