Terrorismo

Terceiro suspeito de ligação com Hezbollah é detido durante investigação no Brasil

Hezbollah é acusado de financiar operações através de ligações com o crime organizado regional, mais especificamente lavagem de dinheiro. O grupo é associado ao ataque terrorista mais fatal ocorrido na Argentina: o bombardeio de um centro judaico em Buenos Aires em 1994 que resultou em 85 mortes.

Policiais e profissionais de resgate permanecem perto de carros destruídos e destroços em 17 de março de 1992, em Buenos Aires, pouco depois de uma bomba ter sido detonada na Embaixada de Israel, matando 29 pessoas. [Daniel García/AFP]
Policiais e profissionais de resgate permanecem perto de carros destruídos e destroços em 17 de março de 1992, em Buenos Aires, pouco depois de uma bomba ter sido detonada na Embaixada de Israel, matando 29 pessoas. [Daniel García/AFP]

AFP |

RÍO DE JANEIRO -- Na segunda-feira, (13 de novembro), a polícia brasileira afirmou ter detido um terceiro suspeito de envolvimento no planejamento de "ataques terroristas" no país, uma conspiração que, segundo Israel, teve o apoio do grupo militante libanês Hezbollah.

O suposto plano veio à tona na semana passada, quando a Polícia Federal brasileira realizou operações em vários estados e prendeu dois suspeitos em São Paulo em uma investigação "antiterrorista".

"Um terceiro suspeito sob investigação foi preso no domingo no Rio de Janeiro", disse a polícia em comunicado.

A prisão de três pessoas no Brasil acusadas de planejar "ataques terroristas" trouxe à luz supostas operações na América do Sul do grupo militante libanês Hezbollah, que, segundo Israel, orquestrou a conspiração.

Soldado paraguaio patrulha rua em Ciudad del Este. [Norberto Duarte/AFP]
Soldado paraguaio patrulha rua em Ciudad del Este. [Norberto Duarte/AFP]

Apoiado pelo Irã, o Hezbollah é um partido islâmico e uma organização militante com fortes ligações com o Hamas, o grupo que trava um conflito com Israel.

A seguir, o que se sabe -- e o que ainda não se sabe -- sobre sua presença na América do Sul, que os Estados Unidos chamam de um grande risco de segurança.

Uma "Tríplice Fronteira" sem lei

A investigação sobre supostas operações do Hezbollah na América do Sul é focada na "Região da Tríplice Fronteira" composta por Argentina, Brasil e Paraguai -- todos países com grandes populações de origem libanesa.

O centro da região é Ciudad del Este, no Paraguai, um frenética colmeia de comerciantes e traficantes que negociam produtos de todo o mundo, desde vídeos piratas (DVDs) a dispositivos de armas.

Zona de comércio livre, a região tem a reputação de ser um centro de negociações duvidosas e crimes.

Os financiadores do Hezbollah usam a região com uma base para angariar fundos, segundo Washington.

Crime organizado

O Hezbollah é acusado de arrecadar dinheiro auxiliando grupos do crime organizado na região a lavar dinheiro.

Em 2014, o jornal brasileiro "O Globo" informou que traficantes libaneses ligados ao Hezbollah ajudaram um dos maiores grupos de traficantes do Brasil, o PCC, a comprar armas e vender explosivos roubados, citando documentos vazados da Polícia Federal.

Bombardeio na Argentina

Em 2006, a Justiça argentina acusou o Hezbollah de realizar o ataque mais fatal da história do país: o bombardeio de um centro judaico em Buenos Aires em 1994 que matou 85 pessoas.

Os promotores acusaram autoridades iranianas de encomendá-lo.

O Irã nega qualquer envolvimento no ato.

Prisões, a lista negra do "terror"

Os Estados Unidos colocaram na lista negra vários sul-americanos por supostamente financiarem o Hezbollah, incluindo o libanês-paraguaio Assad Barakat, condenado por lavagem de dinheiro.

Em junho, a Argentina solicitou um mandado de prisão internacional de quatro libaneses acusados de ligações com o Hezbollah, três deles com dupla nacionalidade, do Brasil e do Paraguai.

Argentina e Paraguai designaram o Hezbollah como "organização terrorista."

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