Terrorismo
Brasil prende duas pessoas por suposto plano terrorista apoiado pelo Hezbollah
Detidos são acusados de planejar ataque a sinagogas brasileiras.
![Policial federal brasileiro guarda o quartel-general da força em Brasília. Recentemente, a PF anunciou a prisão de dois suspeitos que planejavam um ataque terrorista orquestrado pelo Hezbollah à comunidade judaica brasileira, segundo a inteligência israelense. [Polícia Federal do Brasil]](/gc4/images/2023/11/09/44973-policiafederal-600_384.webp)
Por Waldaniel Amadis e AFP |
SÃO PAULO -- A polícia brasileira prendeu duas pessoas por suposto envolvimento em um plano de "ataques terroristas" no país contra alvos israelenses e judeus. Segundo a agência de inteligência israelense Mossad, os suspeitos eram ligados ao grupo militante libanês Hezbollah.
Na quarta-feira (8 de novembro), a Polícia Federal do Brasil (PF) informou que a detenção de dois suspeitos em São Paulo em uma operação para "interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país".
Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Brasília e Minas Gerais, no sudeste do país, disse a PF em comunicado.
Em uma declaração, a Mossad disse que trabalhou com os serviços de segurança brasileiros e agências internacionais para frustrar um plano terrorista no Brasil, que foi "planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo regime iraniano".
Os ataques planejados eram direcionados a "instituições judaicas e israelenses" no Brasil, acrescentou.
"Era uma extensa rede que operava em outros países."
A Mossad não especificou quais países são estes. Mas observadores de segurança há muito tempo rastreiam supostas operações do Hezbollah na "região da Tríplice Fronteira" na América do Sul, compartilhada por Brasil, Argentina e Paraguai.
"Dado o cenário [da guerra Hamas-Israel] ...o Hezbollah e o regime iraniano continuam a operar ao redor do mundo para atacar alvos israelenses, judeus e ocidentais", destacou a declaração da Mossad.
Plano para atacar sinagogas
Os suspeitos detidos são brasileiros que planejavam atacar sinagogas, disse uma fonte da PF ao Entorno.
Após a operação, o Brasil acionou a Interpol para que emita um mandado de prisão para outros dois suspeitos com dupla nacionalidade (brasileira e libanesa) que estão atualmente no Líbano, segundo a TV Globo, a maior rede de TV do Brasil.
A operação da PF é uma medida preventiva, disse o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, de acordo com a agência de notícias estatal Agência Brasil.
Ele não revelou mais detalhes.
"Temos um compromisso claro de combater o terrorismo... A PF está realizando uma investigação em torno da hipótese de uma rede terrorista buscar se instalar no Brasil", disse Dino.
O Brasil é o lar de cerca de 107.000 judeus, o segundo maior número entre as nações latino-americanas, superado apenas pela Argentina.
A Confederação Israelita do Brasil (CONIB) emitiu uma declaração elogiando as autoridades pela sua "ação preventiva". No entanto, a organização também expressou "enorme preocupação com a prisão de terroristas no Brasil ligados ao grupo libanês Hezbollah, que, segundo a Polícia Federal, planejavam atentados contra alvos judaicos no Brasil".
A CONIB enfatizou que "o terrorismo, em todas as suas vertentes, deve ser combatido e repudiado por toda a sociedade brasileira".
As prisões ocorreram pouco mais de um mês após os ataques de 7 de outubro, quando terroristas do Hamas mataram cerca de 1.400 civis e fizeram mais de 200 reféns.
Viagens recentes ao Líbano
Citando fontes policiais, a TV Globo disse que os suspeitos detidos recentemente viajaram para Beirute, capital do Líbano.
A Interpol mencionou perguntas da AFP à PF, que disse não poder fornecer mais detalhes sobre o caso.
Operações antiterroristas são raras no Brasil, que tem sido poupado de grandes ataques terroristas.
A Argentina, onde vivem cerca de 250.000 judeus, foi alvo de ataques à Embaixada Israelense em 1992 e a um Centro Judaico em Buenos Aires em 1994 que, somados, mataram 114 pessoas.