Direitos Humanos

Nicarágua fecha Ordem Franciscana em uma espiral de igrejas

Ortega exilou e prendeu dissidentes e rivais, anulou os limites de mandatos presidenciais e assumiu o controle de todos os poderes do Estado.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e o ministro das Relações Exteriores, Denis Moncada, participam de uma cúpula em Havana, em setembro. [Yamil Lage / AFP]
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e o ministro das Relações Exteriores, Denis Moncada, participam de uma cúpula em Havana, em setembro. [Yamil Lage / AFP]

AFP |

MANÁGUA -- Na terça-feira (24 de outubro), autoridades nicaraguenses dissolveram a ordem local dos frades franciscanos, além de 16 ONGs, muitas delas ligadas a igrejas católicas e evangélicas com as quais o governo está em litígio.

A justificativa oficial do Ministério do Interior para a medida é que as instituições não informaram suas fontes de financiamento e doações.

O governo também confiscou os bens móveis e imóveis das organizações.

Desde seu retorno ao poder, em 2007, o presidente Daniel Ortega exilou e prendeu dissidentes e rivais, anulou os limites de mandatos presidenciais e assumiu o controle de todos os poderes do Estado.

O país centro-americano fechou mais de 3.000 associações, ONGs e sindicatos após os protestos de 2018 contra o governo de Ortega.

Centenas de críticos foram detidos, inclusive aspirantes a concorrentes de Ortega antes das eleições presidenciais de 2021.

No início deste ano, 222 opositores do governo presos foram repentinamente deportados para os Estados Unidos e perderam a nacionalidade nicaraguense.

Na semana passada, o Vaticano disse que retiraria do país 12 padres católicos que estavam detidos por críticas a Manágua e foram libertados após um acordo com o governo. Os franciscanos são uma ordem católica.

As relações entre o Vaticano e o governo se deterioraram em meio aos protestos nos quais mais de 300 pessoas foram mortas em confrontos entre opositores e apoiadores do governo, segundo a Organização das Nações Unidas.

Enquanto o governo de Ortega classifica os protestos como tentativas de golpe promovidas por Washington, a violenta repressão resultou em uma condenação internacional generalizada.

Os Estados Unidos e a União Europeia mantêm sanções contra o governo de Manágua.

Em março, Ortega ameaçou romper os laços com o Vaticano após o Papa Francisco referir-se ao seu governo como uma ditadura.

Em agosto, uma universidade gerida por outra ordem católica, os Jesuítas, disse que suspenderia as aulas após o governo de esquerda ter anunciado a apreensão de todo o seu patrimônio e acusado a instituição de terrorismo.

Cerca de metade da população da Nicarágua, de 6,3 milhões de pessoas, é formada por católicos.

Gostou desta matéria?


Captcha *