Economia
Consumidores colombianos criticam produtos de baixa qualidade de varejistas chineses online
Produtos chineses estão entrando na Colômbia através de plataformas online sem pagar impostos, tarifas ou outros encargos regulatórios, dizem comerciantes.
![Logotipo da empresa chinesa de comércio eletrônico Temu é exibido em um celular na frente do site da companhia. [Nicolas Tucat/AFP]](/gc4/images/2025/02/18/49192-temu-600_384.webp)
Por Giselle Alzate |
BOGOTÁ – Claudia Bustamante decidiu usar seu novo colar – comprado na Temu – em um restaurante para comemorar com o marido o Dia dos Namorados.
Mas, no meio do jantar, a bijuteria começou a mudar de cor e Claudia acabou jogando fora.
O site de comércio eletrônico chinês Temu é conhecido por seus produtos de preços acessíveis e qualidade questionável.
Muitos consumidores relatam problemas como o rápido surgimento de manchas em bijuterias e constatam que alguns itens, anunciados como feitos com materiais autênticos, são produzidos com alternativas baratas, como latão misturado com níquel.
![Claudia Bustamante usou seu novo colar em um jantar de Dia dos Namorados com o marido. No meio da refeição, a bijuteria começou a mudar de cor e ela acabou jogando o item fora. [Claudia Bustamante]](/gc4/images/2025/02/18/49193-temu2-600_384.webp)
"O colar chegou dentro do prazo estipulado, estava em perfeito estado e muito bonito... Foi uma fraude, porque comprei um produto e, já no primeiro dia de uso, ele estava danificado, não se passaram dias ou meses", disse Bustamante ao Entorno.
Essa foi sua primeira e última compra na Temu.
A plataforma atrai os usuários por meio de jogos integrados ao seu aplicativo, como Fishland e Farmland, nos quais os participantes podem ganhar itens gratuitos e créditos na conta.
Esses jogos podem se tornar viciantes, incentivando os usuários a convidar seus contatos para participar, acrescentou ela.
Bustamante não foi a única e ter esse tipo de experiência, já que inúmeros consumidores na Colômbia e na América Latina relatam comprar produtos de baixa qualidade de plataformas online.
Mercedes Calle compartilhou com o Entorno uma história semelhante sobre sua compra na plataforma chinesa Shein.
"Comprei um vestido na Shein porque estava muito barato e achei muito bonito para usar. Quando ele chegou em minha casa, tive a primeira decepção: a qualidade do tecido não era a mesma da foto do produto no site", contou ela.
"A impotência e a raiva surgiram quando, na primeira lavagem, o elástico da peça (localizado nas costas) esticou e isso mostra que é um produto de má qualidade. Tornou-se inútil", acrescentou.
Tem havido inúmeras reclamações sobre plataformas de comércio eletrônico chinesas, muitas vezes citando problemas como baixa qualidade do produto, roubo de dados, não entrega de itens e cobrança dupla.
Varejistas descontentes
Os varejistas colombianos, representados pela Federação Nacional de Empresários Comerciantes (Fenalco), denunciaram plataformas chinesas de comércio eletrônico como AliExpress, Temu e Shein pelo que chamam de “concorrência desleal”.
Em um comunicado divulgado em meados de janeiro, o presidente da Fenalco, Jaime Cabal, criticou essas plataformas por explorarem lacunas regulatórias que lhes permitem vender produtos na Colômbia sem pagar taxas aduaneiras, enquanto os comerciantes locais são obrigados a pagar impostos sobre as vendas.
"[Os produtos chineses] entram através das plataformas sem pagar impostos, tarifas ou outros encargos regulatórios, enquanto esses mesmos produtos que os comerciantes formais do país importam incluem os custos das obrigações legais e fiscais", afirmou Cabal.
Ele descreveu a situação como “concorrência desigual”, argumentando que as plataformas chinesas podem prejudicar as empresas locais ao oferecer os mesmos produtos a preços mais baixos.
Cabal pede que a Direção de Impostos e Alfândegas Nacionais (DIAN) da Colômbia imponha controles e regulamentações mais rigorosos a essas plataformas.
"Todos os dias, são importados muitos produtos através destas plataformas, cujas compras por menos de US$ 200 entram na Colômbia sem pagar IVA [imposto sobre vendas] ou tarifas, conforme determina a lei", enfatizou ele.
O executivo destacou ainda que essas plataformas reduzem custos ao eliminar intermediários e, assim, não conseguem gerar empregos nem contribuir para o crescimento econômico do país.