Ciência e Tecnologia
De desinformação a desafios perigosos: conteúdo do TikTok sob análise
Cerca de 20% dos vídeos do TikTok sobre questões atuais são considerados falsos ou enganosos. Plataforma também recebe críticas frequentes por postar vídeos de 'desafios' que colocam vidas em risco.
![Logomarca do TikTok é vista durante a China International Textile and Garment Supply Chain Expo, em Hangzhou. [AFP]](/gc4/images/2024/12/24/48614-tiktok-600_384.webp)
Por AFP |
PARIS -- A ascensão vertiginosa do TikTok, de um aplicativo de compartilhamento de vídeos para um grupo segmentado a um gigante global das redes sociais, gerou um intenso escrutínio, especialmente em relação às suas ligações com a China.
Em Washington, a plataforma foi acusada de espionagem.
A União Europeia (UE) suspeita que ela tenha sido utilizada para influenciar as eleições presidenciais na Romênia a favor de um candidato de extrema-direita.
E agora a Albânia suspendeu a plataforma por um ano, após o primeiro-ministro, Edi Rama, tê-la qualificado como “valentão da vizinhança”.
A seguir, as principais polêmicas em torno do TikTok.
Albânia: suspensão mínima de um ano
O primeiro-ministro albanês, Edi Rama, disse em 21 de dezembro que o governo suspenderia o acesso ao TikTok por pelo menos um ano a partir de 2025.
A medida ocorreu menos de um mês após um estudante de 14 anos ter sido morto e outro ter se ferido em uma briga perto de uma escola em Tirana.
A briga começou com um confronto online nas redes sociais.
Romênia: suspeita de campanha de influência
A UE investiga se a surpreendente vitória do candidato presidencial de extrema-direita Calin Georgescu, em novembro, no primeiro turno das eleições presidenciais na Romênia, contou com intromissão russa e “tratamento preferencial” do TikTok.
É a terceira investigação do TikTok aberta pela comissão. A plataforma corre o risco de multas equivalentes a até 6% do seu faturamento global.
O Tiktok disse que tomou “ações robustas” para combater a desinformação relacionada às eleições. A Rússia nega ter interferido na votação.
EUA: pressão por venda
O Congresso dos EUA aprovou em abril uma lei que obriga a proprietária do TikTok, a chinesa ByteDance, a vender a plataforma até 19 de janeiro, alegando que o aplicativo permite à China acessar dados de usuários dos EUA.
Caso a venda não ocorra, a plataforma será proibida nos Estados Unidos, fazendo o TikTok perder seus alegados 170 milhões de usuários no país.
O TikTok admitiu que os funcionários da ByteDance na China haviam acessado informações de americanos, mas negou ter fornecido dados às autoridades chinesas.
Para proteger os dados, o governo dos EUA, a Comissão Europeia e o governo da Grã-Bretanha já tinham banido o TikTok dos dispositivos de trabalho dos seus funcionários em 2023.
Austrália: proibição para adolescentes
O TikTok estava entre as várias plataformas visadas por uma lei histórica aprovada na Austrália em novembro que proíbe o acesso de menores de 16 anos às redes sociais.
As empresas de redes sociais que não cumprirem a lei pagarão multas de até 50 milhões de dólares australianos (US$ 32,5 milhões) por “violações sistêmicas”.
O TikTok disse estar “desapontado” com a legislação australiana, alegando que ela poderia empurrar os jovens para os “cantos mais sombrios da internet”.
Quase um terço dos usuários do TikTok tem entre 10 e 19 anos, segundo a agência Wallaroo.
UE: recurso de engajamento suspenso
Em agosto, a empresa, sob pressão dos reguladores da UE, foi forçada a suspender um recurso do seu spinoff TikTok Lite na França e na Espanha que recompensava os usuários pelo tempo passado em frente às telas.
Nesse programa de recompensas, usuários com 18 anos ou mais podiam ganhar pontos para trocar por vouchers ou cartões-presente ao curtir e assistir a vídeos.
A plataforma foi acusada pela UE de potencialmente ter “consequências muito viciantes”.
Os recursos de edição e o poderoso algoritmo do TikTok o mantiveram à frente do jogo, atraindo um exército de criadores de conteúdo e influenciadores, além de produzir muitos próprios.
Os funcionários do TikTok e da ByteDance também aumentam manualmente o número de visualizações de determinados conteúdos, de acordo com um relatório da Forbes.
Segundo o TikTok, a promoção manual afeta apenas uma pequena fração dos vídeos recomendados.
O aplicativo é frequentemente acusado de colocar os usuários em risco com a disseminação de vídeos perigosos de “desafios”.
Várias crianças teriam morrido enquanto tentavam replicar o chamado desafio do apagão, que instiga os usuários a prender a respiração até desmaiar.
Cerca de um quinto dos vídeos sobre questões atuais, como a invasão da Ucrânia pela Rússia , foram considerados falsos ou enganosos em um estudo do grupo NewsGuard, que rastreia a desinformação online.