Economia
Colômbia impõe tarifas sobre aço chinês e russo
Crise econômica e arrefecimento do setor imobiliário na China levaram a uma superprodução de aço altamente subsidiado, que é depois 'despejado' no mercado internacional a preços inferiores aos custos de produção.
![Trabalhador com equipamento de proteção manuseia cuidadosamente o metal fundido na siderúrgica de Paz del Río, na Colômbia. [Paz del Río].](/gc4/images/2024/10/23/47926-acero1-600_384.webp)
Por Giselle Alzate |
BOGOTÁ – O governo colombiano impôs uma tarifa de 30% sobre as importações de aço em resposta à concorrência desleal, ou “dumping”, da China e da Rússia.
A nova tarifa, que será adicionada a uma já existente de 5%, faz parte de um decreto de 18 de outubro assinado pelo presidente Gustavo Petro.
A decisão foi tomada na sequência de uma recomendação da Comissão de Assuntos Aduaneiros, Tarifários e de Comércio Exterior, que apontou o impacto negativo do dumping na indústria local.
O decreto de Petro também ordena a formação de um Pacto do Aço para combater as importações a preços muito baixos e promover exportações limpas.
![Trabalhador em fábrica de materiais de aço inoxidável em Qingzhou, China. [AFP]](/gc4/images/2024/10/23/47929-acero2-600_384.webp)
“Com medidas como essa, pretendemos garantir uma concorrência justa para a indústria nacional, combatendo práticas comerciais desleais”, disse o ministro do Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia, Luis Carlos Reyes, em 21 de outubro.
Países que não têm acordos comerciais com a Colômbia aumentaram suas exportações de aço para o país, prejudicando a produção local, afirmou o Ministério do Comércio.
No âmbito do Pacto do Aço, o governo pretende colaborar com os fabricantes privados para estabelecer uma unidade de produção de aço plano, acrescentando um valor significativo à fabricação e criando novos postos de trabalho.
"Em meio ao processo global de descarbonização, o estabelecimento de uma fábrica de aço plano com alto valor agregado e menos emissões de carbono nos daria uma vantagem competitiva sobre outros países na exportação deste produto", acrescentou Reyes.
Ações similares
A crise econômica da China e o arrefecimento abrupto do seu mercado imobiliário conduziram a uma sobreprodução de aço, fortemente subsidiado por Pequim e comercializado no exterior por um preço inferior ao custo de produção.
A Acerías Paz del Río, maior companhia siderúrgica da Colômbia, tem exigido repetidamente a imposição de tarifas sobre as importações de aço, citando os preços significativamente mais baixos dos materiais provenientes da China, que põem em risco milhares de postos de trabalho.
"Estamos sendo afetados pelos altos custos dos insumos nos últimos dois anos e pelos preços predatórios dos países com excedentes de produção", ressaltou Fabio Galán, presidente da Paz del Río, em 14 de julho.
As taxas alfandegárias de 35% – o máximo permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC) – estarão em vigor durante dois anos e se destinam principalmente a combater a concorrência desleal do aço chinês e russo.
A imposição pelo governo colombiano de tarifas adicionais sobre o aço chinês se alinha ao Brasil, México e Chile, que também aumentaram as alíquotas sobre o produto de origem chinesa.
Em meados de setembro, Huachipato, o maior produtor de aço do Chile, fechou as portas devido à pressão implacável da concorrência desleal do aço chinês.