Sociedade
Meia maratona de Pequim expõe vitória "constrangedora" de corredor chinês
Fraude é um problema nas provas de corrida de longa distância chinesas. Na meia maratona de Shenzhen em 2018, 258 corredores trapacearam ao pegar atalhos. Durante a Maratona Internacional de Xuzhou de 2019, uma mulher ignorou as ordens das autoridades para descer de uma bicicleta alugada.
![O medalhista de ouro He Jie, da China, comemora após a conclusão da final da maratona masculina durante os Jogos Asiáticos de 2022 em Hangzhou, na província de Zhejiang, na China. [William West/AFP]](/gc4/images/2024/04/18/46426-marathon2-600_384.webp)
Por AFP |
PEQUIM -- A crescente popularidade da corrida de rua na China “expôs problemas”, disse o principal órgão de atletismo do país em 16 de abril, após uma meia maratona viralizar em razão do seu final bizarro.
Imagens compartilhadas online mostraram três corredores africanos permitindo deliberadamente a vitória do chinês He Jie.
Em videoclipes da corrida de 14 de abril, os quenianos Robert Keter e Willy Mnangat, o etíope Dejene Hailu e o chinês He aparecem se aproximando da linha de chegada.
Os três corredores africanos apontam para a linha de chegada e acenam para He na frente, enquanto parecem desacelerar.

He, que conquistou a medalha de ouro na maratona dos Jogos Asiáticos de 2023, venceu por um segundo.
Os quatro permaneceram próximos ao longo de todo o percurso, que totaliza pouco mais de 21 km, observou uma emissora de TV.
"Estamos investigando e anunciaremos a conclusão ao público quando for conhecida", disse disse à AFP um porta-voz do órgão municipal de Pequim responsável pelos esportes, sob a condição de anonimato.
O organizador do evento – o Centro de Gestão de Competições Esportivas e Intercâmbio Internacional de Pequim – também confirmou a investigação.
Fiasco da meia maratona
O incidente desencadeou uma onda de críticas na rede social chinesa Weibo. Alguns usuários classificaram o resultado como “constrangedor”.
"Com certeza, esta é a competição mais constrangedora da carreira de He Jie", escreveu um usuário.
“Com um organizador tão importante e um evento tão conhecido, isso realmente derruba o espírito esportivo na vergonha”, dizia a postagem.
A Federação Internacional do Atletismo (World Athletics) afirmou estar “ciente” das imagens compartilhadas online e da investigação sobre o fato.
"A integridade do nosso esporte é a maior prioridade na World Athletics; enquanto esta investigação estiver em andamento, não poderemos fornecer mais comentários", disse o porta-voz Jamie Fox à AFP.
Os líderes chineses do atletismo reuniram-se em 16 de abril e depois emitiram uma declaração prometendo fazer melhorias -- sem mencionar a polêmica corrida.
"Desde a primavera de 2024, competições de corrida de rua são realizadas em todo o país e as pessoas estão entusiasmadas para participar", afirmou a Associação Chinesa de Atletismo após a reunião.
"De maneira geral, os eventos funcionaram bem."
"Mas também expuseram problemas na organização e gestão que geraram uma preocupação social generalizada.”
As corridas de longa distância ganharam impulso nos últimos anos entre a classe média da China, mas houve vários casos de trapaça e má organização.
Em 2018, em uma meia maratona ocorrida em Shenzhen, 258 corredores trapacearam, dos quais muitos pegaram atalhos.
Câmeras de trânsito flagraram os atletas cortando caminho entre árvores para reduzir o percurso da corrida.
Em 2019, uma mulher foi filmada usando uma bicicleta verde alugada na Maratona Internacional de Xuzhou, no leste da China.
Os organizadores da corrida ordenaram que a atleta descesse da bicicleta, mas ela voltou a usá-la depois.