Ciência e Tecnologia

EUA cortejam Brasil por aliança global no mercado de semicondutores

Washington busca aliado estratégico com capacidades tecnológicas avançadas e posiciona o Brasil como fornecedor global no mercado de semicondutores.

Engenheiro demonstra projetos em andamento no Laboratório de Tecnologias Interativas da Universidade de São Paulo. Os Estados Unidos buscam se unir ao Brasil na indústria de semicondutores. [Universidade de São Paulo]
Engenheiro demonstra projetos em andamento no Laboratório de Tecnologias Interativas da Universidade de São Paulo. Os Estados Unidos buscam se unir ao Brasil na indústria de semicondutores. [Universidade de São Paulo]

Por Waldaniel Amadis |

SÃO PAULO – Os Estados Unidos fizeram uma oferta ao Brasil, com o objetivo de consolidá-lo como um importante aliado na indústria de semicondutores na América Latina.

A colaboração funciona como um movimento estratégico para frustrar as ambições da China de alcançar a liderança no setor altamente lucrativo dos semicondutores, que gera uma receita anual de cerca de US$ 600 bilhões.

No final de outubro, uma delegação dos EUA visitou a Universidade de São Paulo (USP), principal instituição acadêmica do Brasil que recentemente conquistou um lugar entre as 100 melhores universidades do mundo.

A instituição de ensino liderará o projeto que visa atrair a produção de semicondutores para o Brasil, promovendo a colaboração entre os setores acadêmico, governamental e privado.

A delegação dos EUA incluiu representantes do Departamento de Estado; do Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos e de gigantes da indústria de tecnologia, como Google, Nvidia, Meta e Cloudfare, segundo o site Infobae.

O objetivo era explorar o potencial de estabelecimento de um centro de produção focado em pequenos processadores, amplamente usados nas indústrias de telefonia móvel e informática, entre outras.

O centro de inovação InovaUSP, formado pelas faculdades de engenharia da USP, está à frente de uma iniciativa que defende medidas legislativas para o desenvolvimento e a regulamentação da indústria de semicondutores, seguindo o modelo implementado pelos Estados Unidos em 2022.

O inovador CHIPS and Science Act ("Lei dos Chips"), aprovado naquele ano nos Estados Unidos, garantiu financiamento de cerca de US$ 52,7 bilhões para o setor de semicondutores, de acordo com a Reuters.

Oportunidades para o Brasil

A delegação dos EUA apresentou oportunidades de transferência de tecnologia e apoio financeiro para apoiar projetos emergentes no Brasil que haviam sido prejudicados pela pandemia.

Essas dificuldades levaram ao fechamento do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC), única empresa estatal dedicada à fabricação de semicondutores na América do Sul, devido ao peso de dívidas acumuladas.

O governo tem feito esforços para revitalizar o CEITEC, localizado em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. A instituição tinha como foco principal a produção de equipamentos para rastreamento de gado e cobrança digital de pedágio de veículos.

“Uma infusão de capital é sempre um desenvolvimento bem-vindo, e ter o apoio dos Estados Unidos, que é uma superpotência global, estimula um grande número de iniciativas que foram adiadas devido a restrições de recursos e que os cientistas brasileiros não conseguiram terminar”, explicou o engenheiro Adolfo Vásquez, especialista na área e ex-membro da equipe de pesquisa do laboratório.

Além do laboratório da USP, o Centro de Pesquisa Avançada Wernher von Braun, em Campinas, também no estado de São Paulo, atua na produção de chips no conceito “fabless” (sem fábrica), destacou Vásquez.

Essa abordagem permite a fabricação de chips em espaços compactos de apenas 40 metros quadrados, eliminando a necessidade de grandes instalações.

Em outubro de 2022, o Departamento de Comércio dos EUA introduziu novas restrições para a exportação de semicondutores específicos fabricados por empresas americanas à China, como parte de uma estratégia mais ampla para limitar os avanços de Pequim tanto na tecnologia como no setor militar.

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