Crime e Justiça

Governo Biden inclui China na lista de países produtores de drogas

Bolívia e Venezuela também “falharam comprovadamente” no cumprimento das suas obrigações internacionais na luta contra os narcóticos, afirmam os EUA.

A mistura letal de heroína e fentanil, um opioide sintético altamente viciante produzido a baixo custo em laboratórios com precursores da China, surgiu nas ruas dos EUA, alimentando uma epidemia devastadora. [Guillermo Arias/AFP]
A mistura letal de heroína e fentanil, um opioide sintético altamente viciante produzido a baixo custo em laboratórios com precursores da China, surgiu nas ruas dos EUA, alimentando uma epidemia devastadora. [Guillermo Arias/AFP]

Por Entorno e AFP |

WASHINGTON – O presidente dos EUA, Joe Biden, incluiu oficialmente a China, na semana passada, na lista de países envolvidos em trânsito e produção de drogas.

Biden reiterou as acusações contra a Venezuela e a Bolívia, dizendo que não cumpriram as suas obrigações na luta contra os narcóticos.

A lista detalhada, descrita em memorando enviado na sexta-feira (15 de setembro) ao secretário de Estado, Antony Blinken, inclui Afeganistão, Bahamas, Belize, Bolívia, Birmânia, China, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Índia, Jamaica, Laos, México, Nicarágua, Paquistão, Panamá, Peru e Venezuela.

A China foi adicionada após uma modificação na legislação dos EUA, para incluir países onde são elaborados precursores químicos usados na produção de drogas ilícitas.

Ricardo Rizo, 59 anos, usuário de heroína. A mistura letal de heroína e fentanil, um opioide sintético altamente viciante produzido de forma barata em laboratórios com precursores da China, alimentou uma epidemia devastadora. [Guillermo Arias/AFP]
Ricardo Rizo, 59 anos, usuário de heroína. A mistura letal de heroína e fentanil, um opioide sintético altamente viciante produzido de forma barata em laboratórios com precursores da China, alimentou uma epidemia devastadora. [Guillermo Arias/AFP]

Os Estados Unidos tomaram essa decisão com foco principalmente no fentanil, opioide sintético responsável por grande parte das mais de 109.000 mortes relacionadas a overdose no país em 2022, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

“Os Estados Unidos pedem fortemente que a RPC [República Popular da China] e outros países produtores de produtos químicos fortaleçam as cadeias de abastecimento de produtos químicos e previnam o tráfico”, afirma Biden no memorando.

De acordo com a Agência Antidrogas dos EUA (DEA), a maior parte dos precursores químicos tem origem na China e acaba chegando aos cartéis de droga mexicanos.

Por isso, Biden enfatiza no memorando que “nenhum país é mais importante que o México” na batalha contra as drogas.

Produtores sul-americanos

Com relação à Colômbia, Biden alertou que “o cultivo ilícito de coca e a produção de cocaína permanecem em níveis historicamente elevados”.

Biden conclamou o governo do presidente colombiano de esquerda, Gustavo Petro, a “expandir sua presença nas regiões produtoras de coca e alcançar um progresso sustentável contra as organizações criminosas”.

Segundo o memorando, os países são incluídos na lista com base na “combinação de fatores geográficos, comerciais e econômicos que permitem o trânsito ou a produção de drogas, mesmo que um governo tenha se empenhado em medidas robustas e diligentes de controle de narcóticos e de aplicação da lei”.

Biden reafirmou que a Bolívia, a Birmânia e a Venezuela “falharam comprovadamente” no cumprimento de suas obrigações internacionais na luta contra os narcóticos nos últimos 12 meses. Ele enfatizou que os programas de apoio a esses países “são fundamentais para os interesses nacionais dos Estados Unidos”.

Biden pediu ao governo do presidente boliviano de esquerda, Luis Arce, que tome "medidas adicionais", como "a redução do cultivo ilícito de coca que continua excedendo os limites legais" e "continue expandindo a cooperação com parceiros internacionais" a fim de desmantelar eficientemente as redes criminosas transnacionais.

O Afeganistão foi retirado da lista de países que “fracassaram comprovadamente” neste ano devido ao seu progresso “na redução do cultivo da papoula da qual se obtém o ópio e da produção de narcóticos ilícitos”.

O fentanil, opioide sintético altamente viciante, é produzido com baixo custo em laboratórios e inundou as ruas dos Estados Unidos, causando uma epidemia com consequências letais.

Origem na China

Em 2022, a DEA apreendeu 379 milhões de doses de fentanil.

“Essas apreensões [são] doses mortais de fentanil suficientes para matar todos os americanos”, disse a administradora da DEA, Anne Milgram, em comunicado em 16 de dezembro.

“Dois miligramas de fentanil podem ser letais, dependendo do tamanho do corpo, da tolerância e do uso anterior da pessoa”, diz um folheto informativo da DEA.

Os cartéis mexicanos de Sinaloa e Jalisco são responsáveis pelo tráfico da drogas para os Estados Unidos, segundo Milgram, após receberem da China os produtos químicos necessários para produzir o opiáceo.

O opiáceo continua ganhando terreno e sua ascensão impactou radicalmente o mercado do tráfico de drogas no México, substituindo a heroína e a maconha.

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