Diplomacia

Escolhendo entre a democracia e a "armadilha da dívida" chinesa na Cúpula das Américas

China investiu bilhões de dólares em infraestruturas na América Latina, mas muitas vezes através de empréstimos que os países têm de pagar a taxas desfavoráveis, levando muitos à crise financeira.

O presidente dos EUA, Joe Biden, conversa com o presidente da República Dominicana, Luis Abinader, enquanto o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, abraça o presidente equatoriano, Guillermo Lasso, pouco antes de todos posarem para foto conjunta na Casa Branca, em Washington, durante a primeira Cúpula de Líderes da Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica. [Jim Watson/AFP]
O presidente dos EUA, Joe Biden, conversa com o presidente da República Dominicana, Luis Abinader, enquanto o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, abraça o presidente equatoriano, Guillermo Lasso, pouco antes de todos posarem para foto conjunta na Casa Branca, em Washington, durante a primeira Cúpula de Líderes da Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica. [Jim Watson/AFP]

AFP |

WASHINGTON – O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu em 3 de novembro aos líderes da América Latina que escolham investimentos democráticos e transparentes em vez da “diplomacia da armadilha da dívida”, ao dar as boas-vindas a 11 países de uma região onde a China opera.

Com os acordos de livre comércio em baixa em Washington, Biden está promovendo a “Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica”, que busca incentivar as empresas a redirecionar as cadeias de abastecimento para longe da China.

Ao dar as boas-vindas aos líderes na Casa Branca, Biden disse que almeja uma região “segura, próspera e democrática, desde o extremo norte do Canadá até o extremo sul do Chile”.

Numa crítica velada, mas clara à China, Biden disse que a América Latina tem “uma escolha real entre a diplomacia da armadilha da dívida e abordagens transparentes e de alta qualidade para a infraestrutura e o desenvolvimento”.

A China tem acordos de comércio livre com quatro países participantes na cúpula de Biden e investiu bilhões de dólares em projetos de infraestrutura na América Latina, muitas vezes através de empréstimos que os países devem reembolsar a taxas desfavoráveis.

Segundo Biden, os Estados Unidos estão lançando uma nova plataforma de investimento para apoiar o que ele disse que poderiam ser bilhões de dólares em investimentos do setor privado em infraestruturas “sustentáveis”.

Biden disse que os Estados Unidos esperam transformar o Hemisfério Ocidental na “região economicamente mais competitiva do mundo”.

“Acho que está totalmente ao nosso alcance”, afirmou.

O presidente dos EUA anunciou um programa, baseado no Uruguai e também apoiado pelo Canadá, para auxílio a novos empreendedores na América Latina.

Ele também disse que os Estados Unidos, junto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, promoverão títulos verdes, nos moldes da iniciativa do Equador de vender dívida para proteger os recursos naturais nas frágeis Ilhas Galápagos.

"Os Estados Unidos estão seguindo uma abordagem que chamei de 'friendshoring': diversificar as nossas cadeias de abastecimento através de uma ampla gama de parceiros e aliados de confiança", disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen, em uma reunião da cúpula.

“Acreditamos que os países da APEP [Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica] estão bem posicionados para tomar as medidas necessárias para se beneficiar da amizade na nossa região”, disse ela.

Foco nos aliados democratas

A iniciativa econômica dá prioridade às democracias, com os líderes de Barbados, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Peru e Uruguai reunidos na Casa Branca.

O México e o Panamá também fazem parte da parceria, mas enviaram representantes.

O presidente do Panamá, Laurentino Cortizo, é um aliado próximo dos EUA, mas não pôde comparecer devido a um feriado nacional em seu país.

Nos últimos anos, a China -- vista pelos Estados Unidos como seu principal concorrente global -- mirou a América Latina como parte de sua busca global por recursos naturais, com 21 países da região entrando na campanha de projetos de infraestrutura da China conhecida como Iniciativa do Cinturão e Rota.

Gostou desta matéria?


Captcha *