Economia
Investimentos chineses e russos em plantas de lítio na Bolívia fazem soar o alarme
Grande riqueza de recursos da América Latina deixa a região vulnerável a poderes malignos que buscam apenas explorar em vez de investir no potencial do continente .
![Carlos Ramos Mamani (D), presidente do Yacimientos Litio Boliviano (YLB), e Xie Yunrong, representante legal do CITIC Guoan Group da China, em 29 de junho em La Paz, mostram os documentos após a assinatura do acordo para a industrialização do lítio. [Aizar Raldes/AFp]](/gc4/images/2023/06/30/42857-33lp7uc-highres-600_384.webp)
Por AFP e Entorno |
LA PAZ -- China e Rússia vão investir US$ 1,4 bilhão (R$ 6,7 bilhões) em projetos de lítio na Bolívia, país sul-americano com vastas reservas do metal fundamental para baterias de veículos elétricos, disse o governo na quinta-feira (29 de junho).
A chinesa CITIC Guoan e a russa Uranium One Group, ambas empresas com forte envolvimento estatal, vão criar uma parceria com a Yacimientos de Litio Bolivianos (YLB) para instalar planas de carbonato de lítio, disse o presidente Luis Arce em um evento público.
Com a mudança mundial em direção às energias limpas, o lítio tornou-se mais importante por conta de seu papel nas baterias recarregáveis de íons de lítio para veículos e nos sistemas de armazenamento de energias renováveis.
Representantes bolivianos, chineses e russos das três empresas estavam presentes na assinatura do acordo.
Em janeiro, o governo de Arce assinou outro acordo com o consórcio chinês CATL Brunp & CMOC (CBC) para a instalação de duas plantas de bateria de lítio. O CBC se comprometeu a investir ao menos US$ 1 bilhão (R$ 4,79 bilhões).
De acordo com a apresentação do governo, o Uranium One Group vai investir US$ 578 milhões (R$ 2,769 bilhões) em uma planta nas salinas de Pastos Grandes, e a chinesa CITIC Guoan, US$ 857 milhões (R$ 4,105 bilhões) em uma segunda planta ao norte das salinas de Uyuni. Ambas ficam no Departamento de Potosi, no sudoeste andino.
O Ministério dos Hidrocarbonetos e Energia disse, em comunicado, que "cada um dos complexos terá capacidade para produzir até 25.000 toneladas métricas por ano".
A construção das plantas deve começar nos próximos três meses.
A Bolívia certificou suas reservas de lítio nas salinas de Uyuni em 21 milhões de toneladas e garante aos compradores potenciais que essa é a maior fonte do mundo.
Mas o país enfrenta entraves para explorar sua abundância em lítio por razões que incluem dificuldades geográficas, tensões políticas e falta de conhecimento técnico.
O Ministério dos Hidrocarbonetos e Energia anunciou em janeiro que em 2025 espera exportar US$ 5 bilhões (R$ 24 bilhões) em lítio, superando seus ganhos em gás natural, que em 2022 gerou lucros de US$ 3,4 bilhões (R$ 15,3 bilhões) e é a principal fonte de renda do país.