Ambiente

Mineradora brasileira comprada por chineses enfrenta denúncias de danos ambientais

Enquanto a China prospecta cobre do Brasil, acordo de mineração de US$ 500 milhões enfrenta reações adversas. Casas quebradas, moradores doentes e estudos paralisados ​​alimentam a indignação em Alagoas, onde as explosões ecoam mais alto que as respostas.

Primeira explosão no projeto Serrote, de cobre e ouro, em Alagoas, Brasil, em 20 de junho de 2020, liberou poeira e resíduos. O grupo chinês Baiyin Nonferrous comprou a operadora da mina, a Mineração Vale Verde, em março. [Mineração Vale Verde]
Primeira explosão no projeto Serrote, de cobre e ouro, em Alagoas, Brasil, em 20 de junho de 2020, liberou poeira e resíduos. O grupo chinês Baiyin Nonferrous comprou a operadora da mina, a Mineração Vale Verde, em março. [Mineração Vale Verde]

Por Waldaniel Amadis |

SÃO PAULO, Brasil – A Mineração Vale Verde (MVV), mineradora brasileira adquirida em março pelo Baiyin Nonferrous Group (BNMC), da China, enfrenta crescente impasse jurídico e ambiental sobre suas operações de cobre e ouro no Nordeste do Brasil.

A empresa, que administra a mina a céu aberto Serrote, em Alagoas, não cumpriu uma recomendação judicial de 2023 para instalação de sensores ambientais no município de Craíbas, a 150 km da capital, Maceió. A ordem veio após moradores relatarem danos em casas e problemas de saúde relacionados a explosões e poeira decorrentes da mineração .

A falta de medidas pela MVV paralisou os estudos técnicos sobre o impacto sísmico e ambiental da mina. Autoridades estaduais disseram ao Entorno que ainda aguardam dados sobre a intensidade da explosão e os níveis de poluição nos povoados próximos ao local.

As autoridades ambientais locais também contrataram a Universidade Federal do Rio Grande do Norte para fazer o monitoramento sismográfico e fornecer apoio às comunidades afetadas.

Polêmica em mina de cobre

Moradores dos sítios Lagoa do Mel, Torrões, Umbuzeiro e Pichilinga apresentam denúncias desde 2021, citando casas rachadas, doenças respiratórias, mortes de animais e redução da produção agrícola. A MVV atribui o não cumprimento da recomendação judicial ao alto custo dos estudos ambientais e insiste que suas operações atendem às normas regulatórias.

A polêmica surge no momento em que o BNMC finaliza a aquisição da MVV, estimada em US$ 500 milhões, aguardando a aprovação das autoridades brasileiras. A compra reflete a crescente demanda da China por concentrado de cobre, um insumo fundamental para veículos elétricos, painéis solares e baterias.

A mina produziu cerca de 18.300 toneladas de cobre e 8.200 onças de ouro em 2024, se tornando a maior operação de mineração na região, além de ser uma das mais controversas.

Aumento de violações na mineração

Um relatório de 2023 do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), afiliado à Igreja Católica, aponta Craíbas em terceiro lugar em violações de direitos humanos em terras de mineração brasileiras.

Apenas Barcarena e Canaã dos Carajás, ambos no estado amazônico do Pará, relatam mais incidentes. Esses municípios enfrentam há muito tempo conflitos relacionados a territórios de mineração altamente valiosos.

Apenas em 2024, o Cimi registrou 29 incidentes próximos à mina, especificamente nos povoados Lagoa do Mel, Serrote, Torrões e Umbuzeiro. Os moradores relataram rachaduras em suas casas, explosões frequentes, tremores, nuvens de poeira, mortes de animais e deslizamentos de terra ao redor da entrada da mina.

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