Direitos Humanos
Pais de menores venezuelanos detidos após protestos eleitorais pedem intervenção da ONU
Jovens presos devem ser vistos como vítimas de fatores externos, como pobreza, violência e exclusão social, e não apenas como infratores, diz funcionário do UNICEF.
![Familiares de venezuelanos detidos durante manifestações na disputada eleição presidencial de 28 de julho e de outros presos protestam em frente ao Ministério do Poder Popular para o Serviço Penitenciário em Caracas, em 18 de outubro. [Juan Barreto/AFP]](/gc4/images/2024/10/29/47933-vene1-600_384.webp)
Por Entorno e AFP |
CARACAS -- Familiares de menores venezuelanos detidos em meio aos protestos contra a contestada reeleição do ditador Nicolás Maduro em 21 de outubro pediram a libertação deles ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
"Solicitamos respeitosamente a intervenção do UNICEF para garantir a libertação imediata desses meninos, meninas e adolescentes que estão detidos arbitrariamente em condições que violam seus direitos humanos", disse um grupo de pais em uma mensagem entregue à sede da agência da ONU em Caracas.
Dos 164 adolescentes presos após a contestada vitória de Maduro nas eleições de julho, 68 continuam detidos, acusados de "terrorismo" e "incitação ao ódio".
Os protestos após a votação deixaram 27 mortos e mais de 2.400 detidos.
![Familiares de detidos durante os protestos relacionados à disputada eleição presidencial de 28 de julho e de outros presos protestam em frente ao escritório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Caracas, em 21 de outubro, pedindo a libertação deles. [Federico Parra/AFP]](/gc4/images/2024/10/29/47937-afp__20241021__36kl443__v1__highres__venezuelapoliticsdemostration-600_384.webp)
Os Estados Unidos, a Europa e muitos países latino-americanos se recusaram a reconhecer a reeleição de Maduro em meio a alegações de fraude da oposição.
Os pais disseram que seus filhos não tiveram direito a um advogado de defesa de sua escolha e foram forçados, sob "maus-tratos", a dizer que a haviam sido "contratados" pela oposição.
"Não há nada que os incrimine", afirmou Katherine Martínez, que disse que sua filha de 17 anos foi detida após enviar mensagens pelo WhatsApp sobre a situação política.
"Sr. Presidente, tenha piedade, por favor", disse ela "Você também é pai. Tenha piedade dessas crianças que você sabe que não são terroristas."
Pobreza, violência e exclusão social
O UNICEF pediu a proteção dos direitos dos menores detidos na Venezuela e enfatizou a necessidade urgente de reforma no tratamento que eles recebem dentro dos centros de detenção, informou o El Carabobeño.
Abubacar Sultan, representante do UNICEF na Venezuela, expressou preocupação com as condições de vida dos adolescentes detidos.
Segundo ele, menores detidos não devem ser vistos apenas como infratores, mas como jovens que frequentemente são vítimas de fatores externos, como pobreza, violência e exclusão social.
"A resposta deve centrar-se na justiça, promovendo a educação, a reabilitação e a reintegração social, e proporcionando-lhes as ferramentas e oportunidades necessárias para que possam reconstruir as suas vidas e um futuro melhor para eles próprios e para a sociedade", disse ele em 21 de outubro no complexo educacional Fermín Toro, em Caracas.
O UNICEF também reafirmou seu compromisso de trabalhar com instituições e comunidades para desenvolver e implementar políticas e programas que garantam proteção ampla contra a violência em todos os espaços onde menores crescem e se desenvolvem.