Diplomacia
Colômbia protesta contra Rússia e Venezuela por prisão de dois cidadãos
Caso de dois veteranos colombianos que desapareceram na Venezuela e apareceram mais de um mês depois na Rússia — enfrentando prisão por lutar pela Ucrânia — causou comoção.
![José Medina posa para selfie sem data na Ucrânia. Autoridades da Rússia o estão processando como mercenário por ajudar as forças ucranianas na luta contra invasores russos. [Conta de rede social de José Medina]](/gc4/images/2024/09/04/47511-ante1-600_384.webp)
Por Giselle Alzate |
BOGOTÁ — O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia iniciou protocolos diplomáticos para coletar detalhes sobre a prisão de dois veteranos pelas autoridades venezuelanas em Caracas.
Eles agora estão na Rússia, onde são processados como mercenários por terem lutado na Ucrânia contra invasores russos enviados pelo presidente Vladimir Putin.
"O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia enviou notas diplomáticas a Moscou e Caracas buscando informações sobre o caso", informou o El Tiempo em 30 de agosto.
Os cidadãos colombianos José Medina e Alexander Ante chegaram a Caracas em 19 de julho, vindos de Madri, Espanha, depois de lutarem ao lado do exército ucraniano.
![José Medina durante sua prisão na Rússia. [Serviço de Segurança Federal Russo]](/gc4/images/2024/09/04/47512-medina-600_384.webp)
"Ele (Medina) me disse que estava em Caracas, e depois disso, perdemos o contato. Não sabemos de nada. Estamos extremamente angustiados e pedimos ajuda urgente ao governo colombiano com essa situação difícil", disse Cielo Paz, esposa de Medina, ao Noticias Caracol.
Paz compartilhou com a imprensa suas conversas com o marido em Caracas, juntamente com a postagem de localização que ele enviou do aeroporto internacional na capital venezuelana.
Os familiares afirmam que os veteranos planejaram a seguinte rota: Varsóvia a Madri, Madri a Caracas, Caracas a Bogotá e, finalmente, Bogotá a Cali.
No entanto, o El Tiempo relata que ambos foram detidos em Caracas pela polícia venezuelana e nada mais se soube sobre seu paradeiro.
Depois de quase 40 dias desaparecidos, eles reapareceram em 28 de agosto em Moscou, onde um tribunal confirmou a detenção deles.
"A decisão do Tribunal Lefortovsky atendeu ao pedido dos órgãos de investigação preliminar para a prisão de Ante Alexander e Medina Aranda Jose Aron, suspeitos de 'mercenarismo' até 22 de outubro", informou a assessoria de imprensa do tribunal em 28 de agosto, de acordo com a agência de notícias russa TASS.
Possibilidade de 15 anos de prisão
Ante e Medina podem pegar até 15 anos de prisão.
Os dois veteranos são acusados de lutarem no exército ucraniano contra as forças de Moscou, revelou a TASS.
A Rússia, que iniciou sua invasão de grande escala na Ucrânia em fevereiro de 2022, rotula os voluntários estrangeiros que lutam no exército ucraniano como "mercenários".
A atividade mercenária é severamente penalizada pelo código penal russo, embora o Kremlin utilize vários grupos paramilitares, sendo Wagner o mais conhecido.
A imprensa russa exibiu imagens dos dois veteranos sob interrogatório.
A cobertura do caso Ante e Medina levou o Ministério da Defesa colombiano a apresentar um projeto de lei com o objetivo de impedir o recrutamento de mercenários colombianos no exterior.
"Militares colombianos, reconhecidos mundialmente por sua competência, foram vítimas de tais crimes, sendo recrutados em várias regiões para se envolverem em atividades ilegais", destacou a pasta em um comunicado em 1º de setembro.
Se aprovada, a lei visa alinhar a Colômbia à Convenção Internacional contra o Recrutamento, Utilização, Financiamento e Treinamento de Mercenários.
Esta convenção é um tratado das Nações Unidas.
Entrou em vigor em outubro de 2001 e foi ratificado por 46 países.