Política
Supremo Tribunal da Venezuela suspende resultado de primárias da oposição
Venezuela enfrenta uma crise política e econômica paralisante, marcada por hiperinflação e escassez de produtos básicos, o que levou milhões de pessoas a fugir do país.
![Jesus Maria Casal, presidente da Comissão Nacional Primária, chega à sede do Ministério Público em Caracas no dia 30 de outubro. [Federico Parra / AFP]](/gc4/images/2023/10/31/44809-venezuela1-600_384.webp)
AFP |
CARACAS – O Supremo Tribunal da Venezuela suspendeu na segunda-feira (30 de outubro) os efeitos das eleições primárias da oposição, levando Washington a alertar que “tomará medidas” se o governo do presidente Nicolás Maduro não cumprir seus compromissos antes do pleito de 2024.
Os Estados Unidos concordaram em aliviar as sanções sobre o petróleo e o gás venezuelanos, após o governo de Maduro ter fechado um acordo com a oposição para realizar eleições que a comunidade internacional espera que restaurem a democracia no país assolado pela crise.
No entanto, o governo depois rejeitou o resultado das primárias da oposição para a escolha de seu candidato à Presidência. A votação, realizada no início deste mês, resultou na vitória de Maria Corina Machado, 56 anos, que estava impedida de exercer cargos públicos por 15 anos.
Sob a alegação de fraude, o governo de Maduro iniciou uma investigação sobre as primárias.
O recurso contra as primárias analisado pelo Supremo Tribunal foi proposto por José Brito, parlamentar dissidente da oposição acusado por alguns de estar alinhado ao governo de Maduro.
“Todos os efeitos das diferentes fases do processo eleitoral (...) estão suspensos”, afirma a decisão de segunda-feira.
O tribunal também reiterou o impedimento de Machado, por suposta corrupção e por apoiar sanções internacionais contra Caracas.
As autoridades venezuelanas exigem que a oposição entregue todos os documentos relativos às eleições primárias, incluindo registros que poderiam identificar os eleitores.
Crise econômica paralisante
Washington pediu que o governo de Maduro “mantenha os compromissos assumidos na assinatura do acordo político em Barbados”, no qual Caracas e a oposição concordaram em realizar eleições presidenciais no segundo semestre de 2024, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
Após os Estados Unidos concordarem em relaxar algumas sanções ao petróleo e ao gás, o secretário de Estado, Antony Blinken, disse que a Venezuela deveria “definir um calendário e um processo específicos para a reabilitação rápida de todos os candidatos” até o final de novembro.
“Todos os que querem concorrer à presidência devem ter a oportunidade”, afirmou.
A Venezuela, que detém as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, enfrenta uma crise política e econômica paralisante, marcada por hiperinflação e escassez de bens básicos, o que levou milhões de pessoas a fugir do país.
A oposição, apoiada por vários países, entre os quais os Estados Unidos, não reconheceu a reeleição de Maduro em 2018, considerada fraudulenta, e Washington intensificou as sanções contra o país.
A crise energética global desencadeada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia vem motivando esforços globais para resolver a crise na Venezuela.