Sociedade

Grande clube de futebol chinês é expulso da liga devido a crise de dívidas

Durante período de gastos extravagantes dos clubes chineses, o Guangzhou FC estabeleceu um recorde ao contratar o atacante colombiano Jackson Martinez. Mas muitos times entraram em colapso devido a dívidas durante contração da economia chinesa.

Jackson Martinez (9), do Guangzhou Evergrande, encara goleiro Shin Hwayong, do Pohang Steelers (E), durante jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões da Ásia, em Guangzhou, China, em fevereiro de 2016. [AFP]
Jackson Martinez (9), do Guangzhou Evergrande, encara goleiro Shin Hwayong, do Pohang Steelers (E), durante jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões da Ásia, em Guangzhou, China, em fevereiro de 2016. [AFP]

Por AFP e Entorno |

PEQUIM – O Guangzhou FC, time de futebol mais bem sucedido da China e antigo campeão asiático, foi expulso das ligas profissionais do país devido a uma “pesada dívida histórica”, segundo o clube.

O time oito vezes campeão da Superliga Chinesa (CSL), que já foi dirigido por Marcello Lippi e Fabio Cannavaro, efetivamente acabou, marcando o fim de uma era no futebol nacional da China.

Nos últimos anos, diversos clubes chineses, entre os quais o Jiangsu Suning, antigo campeão da CSL, fecharam as portas devido a dívidas.

“O clube tentou de várias formas se manter na liga profissional”, afirmou o Guangzhou FC, antigo Guangzhou Evergrande.

O então futuro presidente chinês, Xi Jinping (centro) chuta uma bola de futebol gaélico durante sua visita como vice-presidente a Dublin, Irlanda, em fevereiro de 2012. Ele assistiu a uma exibição de futebol gaélico e de hurling. [Peter Muhly/AFP]
O então futuro presidente chinês, Xi Jinping (centro) chuta uma bola de futebol gaélico durante sua visita como vice-presidente a Dublin, Irlanda, em fevereiro de 2012. Ele assistiu a uma exibição de futebol gaélico e de hurling. [Peter Muhly/AFP]

“Mas, devido à pesada dívida histórica, os fundos que angariamos foram insuficientes para liquidar esse débito.”

Declínio do mercado imobiliário

A Associação Chinesa de Futebol (CFA) excluiu o Guangzhou de uma lista de 49 times das ligas profissionais da China para 2025.

O Guangzhou dominou o futebol chinês durante muito tempo, tendo conquistado sete títulos consecutivos da CSL entre 2011 e 2017 e dois da Liga dos Campeões da Ásia.

Mas foi rebaixado para a segunda divisão da China em 2022, depois de seu proprietário majoritário, o incorporador Evergrande Real Estate Group, ter enfrentado dificuldades financeiras com a queda do mercado imobiliário do país. O último título do clube foi conquistado em 2019.

O Guangzhou investiu fortemente em jogadores, batendo várias vezes o recorde de transferências na China, enquanto o Evergrande Group injetava milhões na equipe.

O clube pagou US$ 46 milhões pelo atacante Jackson Martinez, do Atlético de Madrid, em 2016, um recorde para uma equipe asiática na época.

O negócio foi concluído num período de grandes gastos pelos times chineses.

Durante esse tempo, teve uma série de treinadores estrangeiros ilustres, incluindo os vencedores da Copa do Mundo pela Itália, Lippi e Cannavaro, e pelo Brasil, Luiz Felipe Scolari.

Dívidas

Em 2020, o clube iniciou a construção de um novo estádio de US$ 1,86 bilhão que, segundo o Grupo Evergrande, teria capacidade para pelo menos 80.000 torcedores.

O projeto foi cancelado em 2022, quando o grupo acumulava US$ 300 bilhões em dívidas.

O clube foi rebatizado como Guangzhou FC em 2021, depois de as novas regras da CFA proibirem a inclusão de referências a empresas ou patrocinadores nos nomes das equipes.

O Guangzhou terminou em terceiro lugar na China League One, a segunda divisão, na temporada de 2024, não conseguindo a promoção para a CSL.

“Pedimos as mais sinceras desculpas aos fãs e a todas as pessoas de todos os setores que apoiaram o clube”, afirmou a instituição em seu comunicado de 6 de janeiro.

Fim do sonho futebolístico

Em 2015, o presidente Xi Jinping estabeleceu um objetivo ambicioso de transformar a China em uma potência mundial do futebol. Este esforço para aliar a ascensão econômica do país ao sucesso nos campos simbolizava a visão mais ampla de Xi sobre a grandeza nacional.

“Minha maior esperança para o futebol chinês é que suas equipes se tornem algumas das melhores do mundo”, declarou ele em 2015, conforme relatado pelo The New York Times.

Mas este sonho ruiu em meio a escândalos de corrupção, uma economia em desaceleração e uma série de resultados esportivos decepcionantes, deixando a visão de se tornar uma superpotência do futebol longe de ser realizada.

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