Diplomacia

Peña, do Paraguai, diz que laços com Taiwan fazem "mais sentido" do que com a China

Paraguai percebeu que mudar o reconhecimento diplomático de Taiwan para a China não melhorou, e sim piorou a situação econômica da Costa Rica e do Panamá.

O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña Palacios, posa para fotos com funcionários da Master Transportation Bus Manufacturing Ltd. durante visita à cidade de Nova Taipei, em 13 de julho de 2023. [Sam Yeh / AFP]
O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña Palacios, posa para fotos com funcionários da Master Transportation Bus Manufacturing Ltd. durante visita à cidade de Nova Taipei, em 13 de julho de 2023. [Sam Yeh / AFP]

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Os laços formais do Paraguai com Taiwan fazem "mais sentido" do que reconhecer a China e serão um impulso maior para o desenvolvimento do país sul-americano, disse o presidente eleito Santiago Peña.

O Paraguai é a única nação sul-americana a reconhecer a autonomia de Taiwan em relação a Pequim, que reivindica a ilha como seu território, e passou décadas convencendo os aliados de Taipei a mudar.

Peña, que foi eleito no final de abril e tomará posse no próximo mês, está em Taiwan desde terça-feira, com uma agenda repleta de reuniões e paradas, incluindo uma casa de chá com o presidente da ilha, Tsai Ing-wen.

Ele prometeu ficar ao lado de Taiwan durante seu mandato de cinco anos, ponto que reiterou durante uma entrevista à AFP e a outros meios de comunicação no sábado (15 de julho).

"Existem fundamentos sólidos e fatos concretos que apoiam (o fato de que) faz mais sentido ter um relacionamento com Taiwan do que com a China continental", disse ele.

Apesar de reconhecer formalmente Taiwan, Peña disse que "não há restrições" ao comércio com a China, com a qual o Paraguai tem "uma relação muito ampla" – a China é o principal fornecedor de produtos para o país.

O ex-ministro das Finanças prometeu durante a campanha manter laços formais com Taiwan.

Sua vitória em maio atenuou os temores de Taipei de que o Paraguai o abandonasse em favor de Pequim.

Panamá, El Salvador, República Dominicana, Nicarágua e Honduras mudaram o reconhecimento diplomático de Taiwan para a China nos últimos anos.

O Paraguai viu a experiência da Costa Rica e do Panamá e, "provavelmente, acontecerá o mesmo agora com Honduras, a situação econômica não melhorará, mas piorará" após a troca de Taipei por Pequim, afirmou Peña.

“A nossa relação com Taiwan não é um impedimento para termos relações comerciais com a China continental”, disse Peña, acrescentando que “a restrição foi colocada pela República Popular da China”.

"Não temos restrições a fazer comércio com a China, adoraríamos fazer mais comércio com" a China, destacou.

"Experiência incrível"

Pequim não permite que seus aliados diplomáticos também reconheçam Taipei, que só tem vínculos formais com 13 países.

A China aumentou a pressão diplomática, militar e econômica sobre Taiwan nos últimos anos porque Tsai não aceita que a ilha faça parte do território chinês.

Pequim organizou exercícios militares marítimos e aéreos por dois dias ao redor da ilha durante a visita de Peña, de acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan.

A viagem desta semana não é a primeira de Peña a Taiwan – ele esteve na ilha há 24 anos para treinar e disse que voltar foi uma "experiência incrível".

"Foi minha primeira viagem à Ásia, vir para Taiwan me surpreendeu com o mundo e as coisas que eu não vi... vir aqui realmente moldou minha visão de mundo", disse o economista de 44 anos .

Ele também disse que o Paraguai é "o país número um" hoje a enviar estudantes para Taiwan e espera que isso ajude a desenvolver a futura indústria de tecnologia do país sul-americano.

Presença na posse

Taiwan disse na segunda-feira (17 de julho) que seu vice-presidente, William Lai, comparecerá à posse do novo presidente do Paraguai no próximo mês, com escala nos Estados Unidos, uma medida que provavelmente provocará repreensão de Pequim.

No próximo mês, Lai liderará uma delegação a Assunção para a posse de Santiago Pena, em 15 de agosto, "para mostrar a importância que Taiwan atribui a seus laços diplomáticos com o Paraguai", disse o vice-chanceler Alexander Yui.

"Organizamos passagens pelos Estados Unidos durante visitas anteriores às Américas Central e do Sul, e isso também está sendo organizado desta vez de acordo com esse histórico", disse Yui.

Yui não divulgou os locais de trânsito, apenas disse que o itinerário do vice-presidente ainda está sendo finalizado.

Lai parou nos Estados Unidos pela última vez em janeiro de 2022, durante sua viagem para participar da posse de Xiomara Castro, a primeira mulher presidente do então aliado de Taiwan, Honduras, que abandonou Taipei em março em favor de Pequim.

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