Economia

América Latina deve investir em tecnologia para ficar à frente na corrida do lítio

Países da região com reservas de lítio têm uma janela de oportunidade limitada para capitalizar a crescente demanda pelo mineral, dizem especialistas do setor.

Um trabalhador mostra lítio 99,9% dentro da planta de processamento do metal El Carmen, da SQM do Chile (Sociedade Química Mineira), em Antofagasta, Chile. [Martin Bernetti / AFP]
Um trabalhador mostra lítio 99,9% dentro da planta de processamento do metal El Carmen, da SQM do Chile (Sociedade Química Mineira), em Antofagasta, Chile. [Martin Bernetti / AFP]

Por AFP e Entorno |

SANTIAGO - A América Latina, que abriga as maiores reservas de lítio do mundo, deve priorizar os investimentos em tecnologia para manter sua liderança de mercado na corrida para aproveitar esse metal essencial na transição para a mobilidade elétrica, dizem especialistas em economia.

Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a produção de "ouro branco" na região, em termos de participação global, cairá de 37% em 2021 para 32% até 2030. Essa mudança é atribuída ao surgimento de novos países produtores, como Estados Unidos, Canadá e Zimbábue, além do aumento dos volumes de extração.

O secretário executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, disse que as perspectivas da região são "promissoras" para novos projetos de mineração de lítio.

Durante a apresentação do primeiro relatório regional sobre o mercado de lítio, em 6 de julho, Salazar-Xirinachs enfatizou a necessidade de a América Latina desenvolver um plano estratégico. Esse plano deve se concentrar em "manter ou mesmo expandir sua participação no mercado" através de investimentos direcionados, avanços tecnológicos e medidas aprimoradas de governança.

O relatório revelou que os três países componentes do "triângulo do lítio" - Argentina, Bolívia e Chile - detêm juntos 56% do total mundial de "ouro branco". Esse número sobe para 60% quando são considerados outros países da América Latina, como Brasil, México e Peru.

Nos últimos anos, a demanda pelo metal tem sido voraz, o que provocou um aumento de 400% nos preços em 2022.

Essa forte alta se deve a uma série de fatores, como o aumento do uso industrial e a crescente demanda do setor de energia renovável.

Salazar-Xirinachs alertou que os países com reservas de lítio têm uma janela de oportunidade limitada para capitalizar a crescente demanda pelo mineral. Segundo ele, aproveitar essa oportunidade “significa implementar uma agenda política de desenvolvimento produtivo”.

Espera-se que a demanda por lítio cresça exponencialmente na próxima década, oferecendo uma oportunidade para os países com reservas de lítio “aumentarem a extração, o refino, a exportação e a geração de empregos”, enfatizou.

Isso também pode levar ao aumento "das receitas fiscais e ao desenvolvimento de uma nova indústria com cadeias produtivas", segundo Salazar-Xirinachs.

O mercado global de lítio é altamente concentrado, com quatro países respondendo por 96% da produção em 2021. A Austrália foi o principal produtor, seguida por Chile, China e Argentina.

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