Diplomacia
Presidente eleito do Paraguai promete ficar "do lado" de Taiwan
Assunção é uma das poucas capitais da América Latina que ainda reconhecem Taiwan, após Pequim ter passado décadas convencendo os aliados de Taipei a mudar de lado.
![O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, gesticula durante uma coletiva de imprensa em Assunção. [Duarte / AFP]](/gc4/images/2023/07/12/42974-paraguay_taiwan-600_384.webp)
AFP |
O novo presidente do Paraguai, Santiago Peña, disse nesta quarta-feira (12/07) que o país ficará do lado de Taiwan durante seu mandato de cinco anos, reafirmando que é o único aliado diplomático de Taipei na América do Sul.
Assunção é uma das poucas capitais da América Latina que ainda reconhecem Taiwan, após Pequim, que reivindica a ilha como seu território, ter passado décadas convencendo os aliados de Taipei a mudar de lado.
A viagem de Peña a Taipei ocorre cerca de cinco semanas antes de sua posse e, segundo ele, o momento oportuno "não é uma coincidência".
"Eu venho... reafirmar nosso compromisso, como paraguaios, de estar do lado do povo de Taiwan nos próximos cinco anos", disse ele em um discurso no Gabinete Presidencial de Taiwan.
Peña também elogiou a presidente Tsai Ing-wen por "saber que os princípios e valores não são negociáveis" e disse que seu governo trabalhará com Taiwan em futuros investimentos para garantir "um benefício econômico mútuo para os dois países".
O ex-ministro das Finanças se comprometeu, na campanha, a continuar reconhecendo Taiwan.
Sua vitória em maio acalmou o medo de Taipei de que o Paraguai iria cortar os laços entre os dois países a favor de Pequim, um fenômeno comum com o aumento da pressão da China sobre Taiwan.
Panamá, El Salvador, República Dominicana, Nicarágua e Honduras mudaram o reconhecimento diplomático de Taiwan para a China nos últimos anos.
Pequim não permite que seus próprios aliados diplomáticos também reconheçam Taipei, que tem alianças formais com apenas 13 países no mundo.
Peña disse que estudou em Taiwan em 1999 e que trazia "o amor e afeto de todo o povo paraguaio". Ele também convidou Tsai a visitar o Paraguai depois que ela deixar o governo no próximo ano.
Após dois mandatos, Tsai não pode mais concorrer à presidência, de acordo com a constituição da ilha.
O vice-presidente William Lai, que também se encontrou com Peña na quarta-feira, é o candidato do governista Partido Democrático Progressista nas eleições de janeiro.
Exercícios aéreos e navais chineses
Tsai está no governo desde 2016 e seus dois mandatos foram marcados pela deterioração das relações com a cada vez mais assertiva China.
Pequim se recusa a discutir com Tsai porque ela não aceita que a ilha faça parte da China.
A China também ampliou sua presença militar no entorno de Taiwan, com seus aviões de guerra fazendo incursões quase diárias na zona de defesa aérea de Taipei e o envio de navios para as proximidades da ilha.
O Ministério da Defesa Nacional de Taiwan anunciou na quarta-feira que os militares chineses realizaram "exercícios conjuntos de longo alcance aéreos e navais" em torno das águas no sudeste.
"Nesta manhã, em 12 de julho, das 7h ao meio-dia (23:00 GMT de terça-feira até 4:00 GMT), 30 aeronaves militares foram detectadas, inclusive caças, bombardeiros, aeronaves de alerta antecipado, helicópteros navais e veículos aéreos não tripulados", disse o Ministério.
Ainda segundo o Ministério, 23 aviões de guerra cruzaram a Zona de Identificação da Defesa Aérea (ADIZ) de Taiwan e quatro navios da Marinha chinesa também realizaram uma "patrulha de combate conjunta".
A Forças Armadas de Taiwan estão "monitorando de perto a situação", disse o Ministério.
A China tem organizado jogos de guerra em massa ao redor da ilha nos últimos anos, normalmente quando os funcionários do governo taiwanês se reúnem com aliados, especialmente os EUA.
Em abril, quando Tsai esteve na Califórnia em reunião com o presidente da Câmara dos EUA, Kevin McCarthy, a China realizou exercícios de três dias que incluíram ataques simulados a alvos e práticas de bloqueio ao redor da ilha.